Folha de S. Paulo


JBS negocia leniência e tem ex-procurador da Lava Jato na equipe

Danilo Verpa/Folhapress
Joesley Batista, dono da JBS, concede entrevista a Folha na sede da empresa em São Paulo.
Joesley Batista, dono da JBS

Além de acordos de delação envolvendo sete executivos, a JBS negocia também acordo de leniência (espécie de delação) no Brasil e nos Estados Unidos.

Envolvidos nas investigações relataram que nesta quinta (18) houve uma reunião em São Paulo entre representantes da empresa e procuradores que negociam a leniência no Brasil.

Entre os responsáveis pelas tratativas estão integrantes da Procuradoria da República no Distrito Federal. Eles coordenaram operações em que a empresa é alvo, como a Greenfield, que apura irregularidades com dinheiro de fundos de pensão.

O objetivo dos investigadores era divulgar a assinatura da leniência juntamente com as delações, mas com o vazamento de conteúdos da colaboração isso não foi possível.

Segundo a Folha apurou, um dos assuntos tratados nas conversas é se a holding J&F, dona de todas as empresas da família Batista, incluindo o frigorífico JBS, integrarão o acordo, ou se ele se limitará a algumas companhias do grupo.

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A empresa também negocia leniência com o DoJ (Departamento de Justiça americano). O ex-procurador da Lava Jato Marcello Miller é um dos profissionais que atua nessa frente.

Ele deixou oficialmente o Ministério Público no início deste ano e passou a integrar o quadro de sócios do escritório Trench Rossi e Watanabe, no Rio de Janeiro, que pilota as negociações no exterior.

Pessoas ligadas às investigações atribuem a Miller algumas das ideias que ajudaram a flagrar políticos, como a colocação de chips em maletas de dinheiro e notas numeradas para facilitar o rastreamento.

Procurado, Miller não respondeu os questionamentos da reportagem.


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