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Cláudia Cruz usa condenação de Cunha para pedir sua absolvição

Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress
Cláudia Cruz, esposa do deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, após visita ao marido na carceragem da PF
Cláudia Cruz, esposa do ex-deputado Eduardo Cunha, após visita ao marido na carceragem da PF

Os advogados de Cláudia Cruz usaram trecho da sentença em que o juiz federal Sergio Moro condenou seu marido, o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como argumento para pedir a absolvição da cliente.

Cláudia Cruz é acusada pelo Ministério Público Federal de lavagem de dinheiro e evasão de divisas em processo decorrente da Operação Lava Jato.

Segundo os procuradores, ela se beneficiou de dinheiro de propina que Eduardo Cunha recebeu por negócios da Petrobras na África. O processo contra Cláudia Cruz também tramita na 13ª Vara Federal, em Curitiba, sob a responsabilidade de Sergio Moro.

A defesa de Cláudia Cruz alega que ao justificar a condenação de Eduardo Cunha a 15 anos e quatro meses de prisão, o juiz Sergio Moro reconheceu que ela não movimentou dinheiro de corrupção.

Os advogados destacam um trecho da sentença, assinada em 30 de março passado, em que Moro diz que "[recursos usados por Cláudia Cruz] não foram provenientes de vantagem indevida decorrente do contrato de aquisição pela Petrobras dos direitos de exploração do Bloco 4 em Benin".

Os valores da propina a Cunha teriam saído da compra, pela Petrobras, de 50% dos direitos de exploração de um campo de petróleo em Benin, na África, no valor de US$ 34,5 milhões. O negócio foi tocado pela diretoria internacional da estatal, cota do PMDB no esquema de corrupção. O suborno teria sido pago em contas no exterior.

Segundo os advogados, Sergio Moro em sua sentença afirmou que o dinheiro da propina permaneceu em trusts no exterior, portanto não foi usado para pagar as despesas do cartão de crédito usado por Cláudia Cruz.

Durante a investigação, os procuradores descobriram que ela fazia gastos elevados em cartões de crédito pagos por Cunha. A defesa sustenta que os recursos usados por Cunha para pagar as faturas desses cartões não estão sob suspeita.

O ex-deputado está preso em Curitiba desde o dia 19 de outubro do anos passado. Ele ainda é réu em outros dois processos e alvo de mais cinco inquéritos.


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