Folha de S. Paulo


Eike ajudou a pagar dívidas de Dilma via caixa 2, diz João Santana

João Santana relata pagamento feito pelo empresário Eike Batista no exterior

Em seu depoimento na delação premiada, o marqueteiro João Santana disse que o empresário Eike Batista fez pagamentos via caixa 2, no exterior, para ajudar a saldar dívidas das campanhas de Dilma Rousseff.

A campanha de Dilma em 2010 deixou uma dívida de R$ 10 milhões com Santana, que foi paga parte por Eike e parte pelo lobista Zwi Skornicki.

"Como o acordo que o Vaccari tinha feito com o Zwi não saldava a dívida completa, o Vaccari então buscou a solução Eike Batista", diz Santana.

Segundo o delator, Mônica esteve em uma das empresas de Eike, no Rio de Janeiro, e tratou dos pagamentos com Flávio Godinho, ex-braço-direito do empresário. "Ele providenciou o pagamento na Shellbill", diz ele, se referindo à offshore aberta no Panamá pelo casal. O marqueteiro disse não saber quanto Eike teria pago.

Rodolfo Buhrer - 23.fev.2016/Reuters
João Santana e Mônica Moura foram presos em fevereiro de 2016, na 23ª fase Operação Lava Jato

Santana disse não saber se Eike tinha algum interesse específico em fazer esse pagamento e que achou a operação corriqueira. "São valores grandes, mas proporcionalmente ao tamanho do empresário, algo como dois milhões de dólares não chega a ser grande", disse. "99,9% das campanhas do Brasil são financiadas assim".

De acordo com Santana, ao longo da campanha de 2014, os pagamentos atrasavam e Dilma indicou o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, para tratar da questão financeira com ele e sua mulher, Mônica Moura. Mantega é acusado de fazer a intermediação entre o casal e João Vaccari, ex-tesoureiro do PT.

OUTRO LADO

Segundo o advogado Fernando Martins, que representa o empresário, as informações "não são novas".

"Pelo contrário, foram objeto do depoimento prestado por Eike Batista em maio de 2016 ao Ministério Publico Federal em Curitiba, por meio do qual foram apresentados –voluntária e originalmente, todos os detalhes a respeito dos fatos", diz em nota.

"Ressalta-se que todo o patrimônio de Eike Batista foi constituído de dinheiro lícito e privado e que o empresário e suas empresas nunca realizaram quaisquer obras para o governo", complementa.

A DELAÇÃO DO CASAL - Acusações de João Santana e Mônica Moura ao Ministério Público Federal

Colaborou MARCELO TOLEDO, de Ribeirão Preto


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