Folha de S. Paulo


PMDB rejeita pilar da reforma política debatida pelo Congresso

Mariana Martins/Folhapress
Líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi afirmou que lista fechada seria um 'movimento muito radical'
Líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi afirmou que lista fechada seria um 'movimento muito radical'

Em reunião nesta terça-feira (9) a bancada de deputados federais do PMDB, a maior da Câmara, manifestou rejeição unânime à proposta de adoção do modelo eleitoral conhecido como "lista fechada", um dos pilares da reforma política debatida pelo Congresso.

O partido de Michel Temer, que tem 64 dos 513 deputados federais, inclina-se a apoiar o chamado "distritão".

Desde que o Supremo Tribunal Federal proibiu que empresas banquem as campanhas políticas, em 2015, políticos defendem uma reforma política sob o argumento de que é impossível manter o atual modelo eleitoral apenas com financiamento público e de pessoas físicas.

Com isso, o relator da comissão especial da Câmara que debate o tema, Vicente Cândido (PT-SP), apresentou parecer com dois pilares, a mudança do atual modelo para a "lista fechada" e a criação de um novo fundo público para bancar as campanhas, no valor de R$ 2,2 bilhões.

Na "lista fechada", o eleitor não vota em candidatos isolados a deputado, como hoje, mas em uma lista de políticos pré-definida pelos partidos. O argumento dos defensores da proposta é o de que isso elimina as campanhas individuais, o que reduziria os custos das campanhas.

"Uma coisa que ficou muito clara nessa reunião é que o partido é contrário à lista fechada", disse o líder do PMDB, Baleia Rossi (SP). "Em uma análise ainda superficial, acho que a mudança para a lista seria um movimento muito radical, principalmente em um momento de desencanto com a política. Poderia se passar a imagem de que estamos tirando do eleitor o direito do voto", afirma.

Já no "distritão", são eleitos os mais votados –diferentemente do modelo atual, em que a definição das cadeiras leva em conta o total de votos do partido ou da coligação, o que, em alguns casos, leva à eleição de um político individualmente menos votado do que outro.

O "distritão", porém, já foi rejeitado pelo plenário da Câmara em 2015. "Hoje é um outro momento, sinto que o 'distritão' está tomando corpo", afirmou o também peemedebista Lúcio Vieira Lima (BA), presidente da comissão de reforma política.

PRAZOS

Nesta terça, a comissão da Reforma Política aprovou mais uma parte do relatório de Vicente Cândido. Dessa vez, a que unifica em seis meses o prazo de desincompatibilização para a disputa das eleições.

Hoje há prazos diversos. Cândido queria incluir no texto a proposta de que líderes religiosos que fossem se candidatar também deveriam deixar suas funções seis meses antes da disputa, mas a bancada evangélica conseguiu barrar a medida.

A comissão já aprovou a parte do relatório que cria rito especial para referendos, plebiscitos e projetos de iniciativa popular. Nas próximas semanas, deve votar a parte que trata da mudança do modelo eleitoral e a criação do fundo de campanha.

Após essa fase, esses relatórios seguem para análise do plenário da Câmara. Paralelamente ao trabalho da comissão, a Câmara também debate projeto, já aprovado pelo Senado, que estabelece uma cláusula de barreira para tentar barrar a existência de partidos pequenos e nanicos.


Endereço da página:

Links no texto: