Folha de S. Paulo


Petistas relatam receio de que Lula tente enfrentamento em audiência

Bruno Santos/Folhapress
CURITIBA, PR, BRASIL, 09-05-2017: O MST monta acampamento em Curitiba, no bairro do Jardim Botanico, nas proximidades da estação de trem, para acompanhar o depoimento do ex prexidente Lula. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** FSP-FOTO *** EXCLUSIVO FOLHA***
MST monta acampamento em Curitiba, no bairro do Jardim Botânico, para acompanhar o depoimento

Dirigentes petistas presentes em Curitiba para acompanhar o depoimento de Luiz Inácio Lula da Silva dizem que o ex-presidente está "animado até demais" para falar ao juiz Sergio Moro, em ação da qual é réu na Operação Lava Jato.

"Ele está muito preparado, animado até demais", disse o ex-ministro Gilberto Carvalho, que foi chefe de gabinete de Lula na Presidência.

Alguns relatam até receio de que Lula tenha um "rompante" e parta para o enfrentamento com o magistrado durante a audiência.

"Moro levou para a seara política e, desculpa, política quem faz melhor é ele [Lula]", disse a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), favorita para assumir a presidência do PT no segundo semestre.

O atual presidente do partido, Rui Falcão, chamou Sérgio Moro de parcial e citou o vídeo em que o juiz pede que os apoiadores da Lava Jato não viajem a Curitiba para acompanhar a audiência.

"Não imaginava que juiz tivesse apoiadores e oponentes. O juiz tem que ser imparcial porque não é político. Não deveria ter esse comportamento político", afirmou.

Reunida em um hotel em Curitiba, a executiva do PT também divulgou uma nota em que acusa de perseguição os responsáveis pela Lava Jato. "Nos últimos três anos, o ex-presidente Lula sofreu uma verdadeira devassa em sua vida pessoal, com acusações de todos os tipos, sem que qualquer prova tenha sido apresentada contra ele. Isso caracteriza uma perseguição própria de um estado de exceção", diz o documento.

"Lula já foi trucidado, negativado de todos os jeitos. Vai sair do depoimento como o cara que encara de frente as denúncias e tem propostas para o povo brasileiro", diz Gleisi.

O ex-presidente, segundo seus aliados, tem se movimentado desde o início da semana para articular manifestações públicas em sua defesa. Por telefone, entrou em contato nesta terça-feira com vários dos dirigentes presentes em Curitiba.

Articulou pessoalmente a coleta de assinaturas para um abaixo-assinado para tentar fazer com que Moro permitisse que jornalistas acompanhassem seu depoimento.

Os petistas se queixam muito da proibição de acampar na cidade, determinada pela Justiça. "A gente quer ter espaço público. Em todas as manifestações pró-impeachment nunca houve sentença proibindo uso do espaço, e agora vai ter?", questiona Hoffmann.

Petistas dizem esperar que não haja violência, mas temem "infiltrações" no meio dos manifestantes."Moro criou um problema para si. O que vier a acontecer amanhã é de responsabilidade dele", diz Humberto Costa (PT-PE), líder da minoria no Senado.

"Espero que não haja qualquer tipo de provocação, de confronto", disse o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP).

Ao falar da negociação com os secretários de Segurança de Curitiba e Paraná, o deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que o início "houve um arrasta pé, mas as armas foram depostas".


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