Folha de S. Paulo


Temer pede ao TSE para excluir depoimento de Odebrecht e Santana

Paulo Lisboa - 1º.mai.2017/Folhapress
O marqueteiro João Santana e a mulher dele, Mônica Moura, deixam a sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR).
O marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, deixam a Polícia Federal, em Curitiba (PR)

A defesa do presidente Michel Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pediu para excluir os depoimentos dos delatores da Odebrecht e do casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura da ação que pede a cassação da chapa presidencial de 2014.

A solicitação foi feita nas alegações finais entregues pelos advogados de Temer nesta segunda (8).

A justificativa dos defensores é que esses depoimentos extrapolaram o objeto da investigação inicial, que apura se a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer recebeu dinheiro desviado da Petrobras.

"Note-se que nos diversos depoimentos de executivos da empresa nenhuma referência à estatal petrolífera; nenhuma situação de propina envolvendo o governo federal no mandato 2011/2014", diz o documento.

A defesa ressalta que tanto os executivos da Odebrecht quanto João Santana trataram de caixa dois mediante pagamentos ao marqueteiro como à compra do tempo de rádio e televisão de partidos integrantes da coligação.

"Estes dois fatos, porém, sem absolutamente nenhuma referência na petição inicial" e, portanto, "foram os fatos novos agregados", informa o documento.

"A prova está exclusivamente em depoimentos de delatores (tema tratado à parte em alegações finais). A fragilidade da prova, no entanto, não importa para o ponto. Interessa sim questionar qual é a relação entre o objeto original das ações eleitorais e o tema da compra de partidos ou caixa dois na publicidade. A relação é nenhuma."

Conforme antecipou a Folha, João Santana disse em depoimento no TSE que Temer também se beneficiou do caixa dois repassado à campanha presidencial de 2014.

Os advogados do presidente pedem ainda que as contas das campanhas de Temer e Dilma sejam analisadas de maneira separada.

A defesa de Dilma deve entregar as alegações finais nesta segunda, assim como o PSDB, autor do processo.

O julgamento foi interrompido no início de abril.

Depois, o ministro Herman Benjamin, relator da ação, vai finalizar o relatório e liberar o processo para a pauta.

Caberá então ao ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE, pautar o processo, o que deve ser feito até o fim de maio.


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