Folha de S. Paulo


'Nossas putarias têm que continuar', escreveu ex-secretário de Cabral

Clever Felix/Brazil Photo Press/Folhapress
O ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes é conduzido por agentes da Polícia Federal
O ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes é conduzido por agentes da Polícia Federal

O ex-secretário de Saúde do Rio Sérgio Côrtes, o empresário Miguel Iskin e Sergio Vianna Junior foram alvos nesta quarta-feira (3) de denúncia do Ministério Público Federal sob acusação de obstrução da Justiça. De acordo com a procuradoria, os dois agiram para atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.

De acordo com a denúncia, o ex-secretário de Saúde e o empresário agiram, usando Vianna como intermediário, para constranger o ex-subsecretário Cesar Romero a alterar o conteúdo de sua delação premiada, que se encontrava ainda em fase de negociação com o MPF, oferendo inclusive dinheiro. Eles tentavam combinar entre si versões a serem apresentadas, buscando dificultar as apurações dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro praticados no Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into) e na Secretaria Estadual de Saúde do Rio.

E-mail de Côrtes para Iskin interceptado pela investigação aponta, segundo o MPF, que os dois tentaram combinar versões a serem apresentadas à Justiça, bem como uma tentativa de manter a operação do esquema criminoso.

"Meu chapa, você pode tentar negociar uma coisa ligada à campanha. Pode salvar seu negócio. Podemos passar pouco tempo na cadeia... Mas nossas putarias têm que continuar", escreveu Côrtes para Iskin, segundo a procuradoria.

"A preocupação entre os denunciados em estancar as investigações ou pelo menos impedir que chegassem com força às suas condutas era evidente", diz o MPF na denúncia.

Os três acusados estão presos em decorrência da deflagração da Operação Fratura Exposta, desdobramento da Lava Jato no Rio, que apura fraudes em licitações e pagamento de propina na aquisição de equipamentos de saúde para a estadual.


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