Folha de S. Paulo


Entre governadores, Marconi Perillo é recordista de viagens ao exterior

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 24-05-2016, 15h00: O gov. de Goiás Marconi Perillo. Cerimônia de posse do novo ministro da cultura Marcelo Calero. O presidente interino Michel Temer, ao lado dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Mendonça Filho (Educação) e do ex presidente Jose Sarney, deu posse à Calero após recriar o ministério da cultura, após forte pressão da classe artística por conta do corte do MinC. No palácio do planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
Governador de Goiás, Marconi Perillo, na cerimônia de posse de Marcelo Calero em Brasília

"Quem não é visto não é lembrado." Assim o governador goiano Marconi Perillo (PSDB) respondeu, em redes sociais, a críticas a uma de suas viagens ao exterior.

Perillo, que está no quarto mandato à frente do Estado e tenta se viabilizar como candidato a vice-presidente numa chapa com Geraldo Alckmin (PSDB-SP) ou João Doria, é o governador que mais viajou para fora do Brasil desde janeiro de 2015, aponta levantamento da Folha.

Ao todo, foram nove missões oficiais para quatro continentes, que consumiram 61 dias, ou 7% do período desde a última recondução.

"Quem chega primeiro bebe a água mais limpa. Por isso sou o primeiro a vir aqui", disse, ao falar de sua ida neste ano na Arábia Saudita. Ele disse ter procurado investidores para uma linha de trem de passageiros de alta velocidade ligando Goiânia a Brasília. Afirma já contar com o apoio federal ao projeto, de custo estimado em R$ 9 bilhões.

Em fevereiro de 2016, foi a um continente não visitado por nenhum outro governador do país eleito em 2014: passou quatro dias na Austrália e outros cinco na Nova Zelândia. Em Sydney, dedicou uma manhã a conhecer o sistema de transporte público local.

"Pouca gente no mundo sabe onde fica Goiás. As pessoas conhecem quando muito Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. É preciso que estas missões continuem para apresentar nosso Estado e nossas potencialidades. O resultado é excepcional. Todos esses países colocaram o Estado de Goiás em seu radar", disse ele, em Auckland.

Na primeira viagem internacional do mandato, o tucano foi a Roma e viu o papa. Participou de uma audiência coletiva com Francisco, a convite da Embaixada do Brasil no Vaticano, e se encontrou brevemente com o pontífice.

Na Espanha e na Bélgica, em 2015, ele promoveu reuniões de um projeto chamado "Andorinhas", que "orienta o trabalhador goiano residente no exterior a planejar a vida financeira", com cursos e assessoria para obtenção de crédito.

O tucano chegou a ir duas vezes aos Estados Unidos em menos de um mês, em 2016. Em duas ocasiões, anunciou que eram para eventos ligados à Universidade Harvard.

Antes, em uma ida a Nova York, também participou de evento organizado por João Doria (PSDB), atual prefeito de São Paulo, ao lado de Alckmin e Pedro Taques (MT).

Em uma das viagens à América do Norte, teve que voltar às pressas para o Brasil, depois que seu vice, José Eliton (PSDB) foi baleado em um ato de campanha no interior do Estado. Na ocasião, um candidato a prefeito foi morto a tiros.

A oposição critica. "Ele terceirizou o governo ao vice. Ano passado, pediu autorização de viagem à Assembleia sem dizer para onde e como ia. Até agora não sabemos se viajou de bicicleta, barco ou avião", diz o líder oposicionista na Assembleia de Goiás, José Nelto (PMDB).

Questionado, o governo goiano informou gastos de R$ 681 mil com oito das viagens. A ajuda de custo para o governador, vice, secretários estaduais no Estado é de € 600 ou US$ 600 por dia. Eles podem viajar, segundo o governo do Estado, "no máximo em classe executiva".

O governo disse que empresários que participam das viagens custeiam suas despesas, e parentes têm seus gastos pagos pelo governador.

Na última semana, Perillo foi alvo de um revés na sua articulação para ser candidato a vice-presidente: delatores da Odebrecht disseram que ele recebeu R$ 8 milhões de caixa dois nas campanhas de 2010 e 2014.

Em resposta, disse que "nunca pediu ou autorizou que solicitassem em seu nome qualquer contribuição de campanha que não fosse oficial e rigorosamente de acordo com a legislação eleitoral". (FELIPE BÄCHTOLD, JOSÉ MARQUES)


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