Folha de S. Paulo


Marido de Kátia Abreu ganhou R$ 500 mil de caixa 2 da senadora, dizem delatores

A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) é acusada por delatores da Odebrecht de receber R$ 500 mil em "dinheiro ilícito" da companhia em caixa dois, na campanha de 2014. O repasse aconteceu, segundo os depoimentos, em duas parcelas entregues ao marido da senadora em um hotel em São Paulo.

As informações estão no documento assinado pelo ministro Edson Fachin que determina a abertura de inquérito contra a senadora. Kátia Abreu é citada no depoimento de quatro delatores da Odebrecht.

Segundo delação de Fernando Cunha Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, os repasses foram feitos à empresa a pedido do então presidente da Saneatins, empresa de abastecimento de água e saneamento básico do Tocantins, Mário Amaro da Silveira. A Saneatins pertence à Odebrecht Ambiental.

Pedro Ladeira/Folhapress
A senadora Katia Abreu (PMDB-TO)
A senadora Katia Abreu (PMDB-TO)

Silveira também é delator da Odebrecht e detalhou o caso. Ficou acordado que a companhia baiana faria a doação de R$ 500 mil em caixa dois divida em duas parcelas de R$ 250 mil.

O dinheiro foi entregue em outubro para Gomes, marido da senadora, no Hotel Meliá Jardim Europa, em São Paulo.

A ordem para o pagamento foi enviada pelos executivos da Odebrecht para o setor de operações estruturadas. Kátia Abreu era identificada na lista com o codinome "machado".

O documento da procuradoria que pede a investigação diz que não houve naquele ano registro de doação da Odebrecht para a campanha de Kátia Abreu ao Senado.

OUTRO LADO

Em nota, a senadora Kátia Abreu disse que "lamentavelmente, por desconhecer o conteúdo da decisão do ministro Edson Fachin, não tenho, neste momento, elementos suficientes que me permitam rebater as supostas acusações feitas contra mim e o meu marido, mas afirmo categoricamente que, em toda a minha vida pública, nunca participei de corrupção e nunca aceitei participar de qualquer movimento de grupos fora da lei".

A senadora disse estar "à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários de maneira a eliminar qualquer dúvida sobre a nossa conduta. Sigo trabalhando no Senado pelo Brasil e pelo Tocantins. Minha história e minha correção são a base fundamental da minha defesa".

INVESTIGAÇÃO

O ministro Edson Fachin determinou a abertura de inquérito contra oito ministros do governo Michel Temer (PMDB), 24 senadores e 39 deputados federais. Serão abertas 76 investigações pedidas pela Procuradoria-Geral da República após as delações da Odebrecht.

Operação Lava Jato

Entre os citados estão os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB). Dois dos principais aliados de Temer, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secreraria-Geral), também estão na lista, que abrange ainda os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros, do PMDB, e Aécio Neves (PSDB).

No total a relação tem 98 nomes e inclui três governadores e um ministro do Tribunal de Contas da União. Algumas suspeitas da Procuradoria são corrupção, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, fraude e cartel. Fachin remeteu 201 outros casos a tribunais de instâncias inferiores envolvendo citados sem foro no Supremo –entre os mencionados estão os ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso.

Os inquéritos iniciam longo trâmite. Investigarão o teor das delações, que precisarão de provas adicionais para tornar-se efetivas. Ainda há as fases de denúncia e do processo, com ampla defesa, antes do julgamento.

Chamada - A lista de Fachin

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