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Relator das medidas contra corrupção, Onyx Lorenzoni é alvo de inquérito

Pedro Ladeira/Folhapress
Deputado Onyx Lorenzoni durante sessão para votar o projeto de lei que estabelece medidas de combate à corrupção, em Brasília (DF)
Deputado Onyx Lorenzoni durante sessão para votar o projeto de lei que estabelece medidas de combate à corrupção, em Brasília (DF)

O ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar disse em sua delação premiada que o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) recebeu R$ 175 mil por seus "desempenho e conduta" e, por isso, a empreiteira gostaria de tê-lo como "futuro parceiro".

O deputado ganhou notoriedade ao defender o Ministério Público no embate travado com a Câmara durante a tramitação do projeto que estabelecia as dez medidas de combate à corrupção. Ele foi o relator da matéria na Casa.

A investigação foi autorizada pelo relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Edson Fachin, no dia 4 de abril.

"Consoante o Ministério Público, o colaborador narra que se aproximou do parlamentar investigado, dizendo a ele em reunião que 'estamos percebendo o seu desempenho, a sua conduta, e nós gostaríamos de
termos aí como um parceiro futuro nas suas atividades como deputado federal'", diz trecho do inquérito que investigará Lorenzoni.

Segundo, a Procuradoria-Geral da República, o repasse foi feito a pretexto de auxílio eleitoral para a campanha de Lorenzoni em 2006.

A operação não foi contabilizada e foi registrada no sistema de informática "Drousys", que controlava as transações do "banco da propina" da Odebrecht.

Para a PGR há indícios da prática do crime de omissão ou declaração falsa para fins eleitorais, o que pode ser penalizado com até cinco anos de prisão.

A abertura dos inquéritos não implica culpa dos investigados. A partir da decisão, os investigadores e os advogados apresentam provas para determinar se há indício de autoria do crime ou não.

Depois disso, o Ministério Público decide se apresenta uma denúncia ou pede o arquivamento do inquérito. Se a denúncia for apresentada e aceita pelo Supremo, o investigado se torna réu e passa a ser julgado pelo tribunal.

Lorenzoni negou ter cometido quaisquer crimes ligados às empreiteiras acusadas na Operação Lava Jato.

"Estou indignado e surpreso. Nunca estive na sede da Odebrecht e se alguém descobrir uma foto minha ou qualquer registro de entrada minha na empresa, eu renuncio ao mandato", disse.


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