Folha de S. Paulo


Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, é citado em inquérito contra tucanos

Mateus Bruxel - 31.out.2010/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 31-10-2010, 16h40: O ex-diretor de engenharia da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, concede entrevista após votar no bairro Jardim Everest, em São Paulo (SP). Paulo Preto é acusado pelo PT de desviar R$ 4 milhões para um suposto esquema de caixa dois da campanha presidencial do político José Serra (PSDB). Ele, no entanto, nega as acusações. (Foto: Mateus Bruxel/Folhapress)
O ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, citado em delações

O ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Paulo Souza, conhecido como "Paulo Preto", é citado nos inquéritos abertos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin contra os tucanos José Serra e Aloysio Nunes. Ele também é acusado por delatores de ter solicitado R$ 2 milhões em propina para a campanha de Gilberto Kassab em 2008.

Paulo chefiava a estatal paulista quando ela se envolveu em um suposto esquema de corrupção para favorecer empreiteiras nas obras do Rodoanel Sul em troca de dinheiro para fins eleitorais, de acordo com os delatores Arnaldo Cumplido de Souza Couto, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Carlos Armando Paschoal, Luiz Eduardo da Rocha Soares, Roberto Cumplido, Fábio Andreani Gandolfo e Pedro Novis.

Em 2007, José Serra, então governador de São Paulo, publicou decreto impondo às empresas renegociações de contratos mantidos com o poder público. Após renegociação de valores em relação ao consórcio liderado pela Odebrecht, Paulo solicitou o pagamento de 0,75% do valor recebido por cada empresa, sob pena de alterações contratuais que as desfavoreceriam.

A Odebrecht, então, teria pago R$ 2,2 milhões em favor da offshore Circle Technical Company Inc, que pertenceria a Amaro Ramos, supostamente operador do PSDB.

Os repasses teriam cessado após investigações implementadas por Ministério Público Federal e Tribunal de Contas da União, que concluíram pela ilegalidade das alterações contratuais.

KASSAB

O ex-diretor da Dersa também teria pedido R$ 2 milhões para a campanha de Gilberto Kassab (PSD), hoje ministro da Ciência e Tecnologia, à Prefeitura de São Paulo, em 2008.

Segundo relatos dos delatores da Odebrecht Carlos Armando Paschoal, o CAP, e Roberto Cumplido, o pedido aconteceu em contrapartida a um conluio organizado por Paulo Preto e que favoreceu a empreiteira.

No despacho assinado pelo ministro do Supremo Edson Fachin que autoriza a abertura de uma investigação sobre o caso, os delatores narraram que em 2008 foram chamados por Paulo Preto para uma reunião.

A informação e o despacho assinado por Fachin na segunda-feira (4) foram divulgados pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

Segundo o documento, no encontro, Paulo Preto propôs a Odebrecht um "acordo de mercado" entre grandes e médias empresas em determinada obra do governo estadual de São Paulo que foi aceito pelo grupo baiano, líder do consórcio.

Em contrapartida, Paulo Preto teria sido solicitado o pagamento de propina de 5% do valor do contrato, além de um adiantamento chamado de "abadá" de R$ 2 milhões. O último valor, segundo Paulo disse aos delatores, seria destinado à campanha de Kassab. No entanto, como já havia doações diretas para o político, o pleito não foi atendido.

O despacho mostra que a PGR sustenta a ocorrência de indícios quanto à prática dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e corrupção ativa envolvendo o ministro Gilberto Kassab.

OUTRO LADO

O ministro Gilberto Kassab confia na Justiça, ressalta que não teve acesso oficialmente às informações e que é necessário ter cautela com depoimentos de colaboradores, que não são provas. Reafirma que os atos praticados em suas campanhas foram realizados conforme a legislação.


Endereço da página: