Folha de S. Paulo


Jornalista que acusa Feliciano de tentativa de estupro vira ré em SP

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 08-08-2016, 16h00: A militante do PSC Patricia Lelis fala com a imprensa ao sair da Procuradoria Especial da Mulher no Senado Federal. Ela foi à procuradoria fazer uma representação contra o dep. Marco Feliciano (PSC-SP), a quem acusa de tentativa de estupro e agressão. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
A jornalista Patrícia Lélis, 23, que acusa o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) de tê-la estuprado

A jornalista brasiliense Patrícia Lélis, 23, que acusa o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) de tentativa de estupro, virou ré na Justiça de São Paulo. Ela foi denunciada pelo Ministério Público por falsa comunicação de crime e extorsão do então chefe de gabinete do parlamentar, Talma Bauer.

Uma audiência foi marcada para o dia 25 de maio e apenas uma testemunha deve ser ouvida, segundo o Tribunal de Justiça de SP. O caso corre em segredo de Justiça.

A jovem havia sido indiciada em agosto do ano passado. No mesmo mês, ela fez um boletim de ocorrência afirmando que Bauer a havia ameaçado com uma arma e a mantido em cárcere privado em sua vinda à capital paulista para que ela gravasse vídeos inocentando o deputado.

Bauer chegou a ser detido em São Paulo com base nas acusações da jornalista, mas foi liberado

O delegado que cuidou do caso no 3º DP (Campos Elíseos), Luís Roberto Hellmeister, no entanto, afirma que a jovem não foi forçada a gravar os vídeos em que aparece negando as acusações contra Feliciano.

Ela é acusada também de extorquir dinheiro do assessor. Bauer afirmou em depoimento, à época, ter entregado R$ 20 mil para um conhecido de Lélis, que deveria entregar à jovem.

À Folha, Lélis negou todas as acusações e disse que o objetivo do processo em São Paulo seria o de "desmoralizá-la" para dificultar uma condenação no processo que trata da acusação de tentativa de estupro e que corre em Brasília. Por ser deputado federal, Feliciano tem prerrogativa de foro, e o caso está no Supremo Tribunal Federal.

A jornalista também disse que o delegado que tratou do caso teria agido propositalmente contra ela por conhecer Bauer (que é policial civil aposentado), e que deve apresentar em sua defesa testemunhas sobre a conduta do policial, que ela acusa de tê-la chamado de "vagabunda". Ela também afirma receber ameaças por causa do caso e precisar de seguranças.

Já Hellmeister afirma que conheceu o chefe de gabinete de Feliciano antes do início do caso e que as acusações de Lélis são "inverdades".

ENTENDA O CASO

Em agosto de 2016, Patrícia Lélis registrou um boletim de ocorrência em que afirma que sofreu assédio sexual do pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP).

À polícia a jovem relatou ter sido vítima de assédio pelo deputado na manhã do dia 15 de junho. Patrícia, que era militante do PSC (Partido Social Cristão), relata que foi ao apartamento do deputado para uma reunião e que lá Feliciano lhe ofereceu um cargo para que ela se tornasse sua amante. Segundo a jovem, diante da negativa, ele a teria arrastado pelos cabelos, dado socos e tentado estuprá-la.

Em setembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin acolheu parecer da PGR (Procuradoria-geral da República) para instaurar inquérito investigando o deputado.

No mesmo mês, o chefe de gabinete do deputado, Talma Bauer, foi detido em São Paulo, acusado de coagir a jovem com uma arma a gravar vídeos em que ela voltava atrás na acusação contra Feliciano.

Um vídeo obtido mostra Lélis e Bauer, além de um terceiro envolvido que seria conhecido de ambos, Emerson Biazon, conversando sobre dinheiro no dia 30 de julho, pouco antes de as acusações da estudante contra Feliciano virem à tona. É a partir desse caso que surgiu o processo contra Lélis.

A Folha não conseguiu localizar Bauer para comentar.

O deputado Marco Feliciano nega a acusação de tentativa de estupro. Ele chegou a gravar vídeos negando que tenha agredido Lélis. Segundo ele, o caso é "uma grande farsa" e a "verdade virá a tona".


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