Folha de S. Paulo


Recebido por FHC, Edmar Bacha toma posse na Academia Brasileira de Letras

O economista Edmar Bacha tomou posse na ABL (Academia Brasileira de Letras), na noite desta sexta-feira (7), com um discurso que tratou especialmente da obra de seu antecessor na casa, o o jurista Evaristo de Moraes Filho.

"Sonhemos o sonho de Evaristo. Com a ajuda de seu gênio que recolhe coisas dispersas e de seu sentimento vivificador, vamos deixar Belíndia para trás e tratar de construir um Brasil livre, fraterno e justo, disse o economista, em trecho do discurso, na sede da ABL, no Rio.

Em 1974, Edmar Bacha cunhou o termo "Belíndia" para ilustrar o que seria a distribuição de renda no Brasil: um disparate entre as condições luxuosas da Bélgica e a miséria da Índia.

Leo Pinheiro/Valor
O economista Edmar Bacha
O economista Edmar Bacha

Bacha, um dos nomes da equipe econômica que concebeu e implantou o Plano Real, foi recebido na casa pelo ex-presidente e também membro, Fernando Henrique Cardoso.

Em seu discurso de recepção, FHC ressaltou o papel de Bacha no combate à hiperinflação.

Citou também a criatividade de Bacha e sua capacidade, segundo FHC, de tornar palatáveis, com a linguagem, opacos conceitos econômicos.

"[Bacha] há muito tornou-se um burilador de mitos e fábulas; inventou um país que se não imaginário foi grafado do fim para o começo, o Lisarb; e como se fosse produtor de palavras à Guimarães Rosa, nos veio com uma 'inflaflução'."

"Edmar Bacha, intelectual público, escreve, predica, não se esconde, para mostrar que o ambicionado crescimento econômico somente virá se formos capazes de nos conectar com os fluxos de comércio e criatividade globais e que o aumento da produtividade é crucial para gerar renda", disse, na conclusão de seu discurso.

Bacha foi eleito em novembro de 2016 para a cadeira 40. Os ocupantes anteriores da cadeira foram Eduardo Prado, Afonso Arinos, Miguel Couto e Alceu Amoro Lima.

Nascido em Lambari (MG), em uma família de escritores, políticos e comerciantes, Bacha formou-se economista e foi pesquisador no IPEA, presidente do IBGE e presidente do BNDES.

Como escritor, lançou livros e artigos em revistas acadêmicas, como "Belíndia 2.0: Fábulas e Ensaios sobre o País dos Contrastes" (Civilização Brasileira).

Bacha é fundador e diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças, centro de pesquisa e debates no Rio.


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