Folha de S. Paulo


Investigado pela PGR, Richa nega interferência em licença ambiental

Pedro Ladeira - 5.jul.2015/Folhapress
O governador do Paraná, Beto Richa
O governador do Paraná, Beto Richa

Investigado em inquérito autorizado na última quinta (30) pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), determinou uma revisão do processo de licença ambiental sob suspeita da Procuradoria-Geral da República –e que gerou a abertura da investigação contra ele.

O governador é suspeito de ter sido beneficiado na concessão de uma licença ambiental para um pátio de caminhões nos arredores do porto de Paranaguá. Um dos sócios da empresa Green Logística, responsável pelo negócio, teve sociedade com os filhos de Richa em outro empreendimento, um loteamento em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba).

Um fiscal do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) chegou a declarar ao Ministério Público Estadual que a licença atendia a interesses da família Richa –dois meses depois, porém, registrou em cartório que prestou o depoimento "sob forte tensão" e sem nenhuma prova.

Por causa da menção ao tucano, a investigação foi enviada à PGR (Procuradoria-Geral da República). Por ter foro privilegiado, o governador só pode ser investigado com autorização do STJ.

Na quinta (30), a ministra Nancy Andrighi, do STJ, determinou a abertura de inquérito contra Richa.

Em nota, Richa disse que considera "absurda" a abertura da investigação e que há "equívocos e ilações" no processo. Segundo a defesa do tucano, não há qualquer vínculo entre a Green Logística e os familiares do governador. "Desafia-se qualquer investigador a encontrar esse vínculo", afirmou a nota.

Para o procurador-geral do Estado, Paulo Sérgio Rosso, as provas colhidas até aqui são "frágeis".

Em entrevista nesta segunda (3), ele e o presidente do IAP (Instituto Ambiental do Paraná), Luiz Tarcísio Mossato Pinto, afirmaram que o licenciamento foi técnico e bem instruído, e negaram ter atendido a qualquer pedido do governador a respeito.

"Não há uma vírgula sequer a ser alterada [na licença ambiental]", disse Rosso. "São ilações, realmente. Não são provas, de forma alguma."

O advogado da Green Logística, Carlos Alberto Farracha de Castro, afirmou à Folha que o Ministério Público Federal já se posicionou atestando a legalidade do licenciamento e pedindo a absolvição da empresa quanto a possíveis irregularidades no processo.

Ele voltou a negar que a empresa tenha qualquer vínculo com os familiares do governador, à exceção do loteamento feito por um dos sócios da empresa com um filho de Richa. "Mas isso não tem qualquer vínculo com a Green Logística, especificamente", declarou.

O STJ, ao autorizar a abertura do inquérito, pediu que fiscais do IAP sejam ouvidos no processo.


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