Folha de S. Paulo


Leal a Alckmin, Cauê Macris vai assumir Assembleia de São Paulo

Mauricio Garcia de Souza/Alesp
01/07/2016 Lei de Diretrizes Orçamentarias para 2017 e aprovada pelos deputados paulistas Caue Macris. Foto: Mauricio Garcia de Souza/ALESP ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O deputado estadual Cauê Macris, 33, que deve presidir a Assembleia

A eleição do deputado estadual Cauê Macris (PSDB) para a presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo, prevista para quarta-feira (15), coloca a Casa debaixo da asa de Geraldo Alckmin.

Não que o Parlamento já não se aninhasse sob o governador. Tucanos ocupam o posto ininterruptamente desde 2007. Macris, porém, é um dos mais leais ao governador, herança do relacionamento de Alckmin com seu pai, o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP), que presidiu a Assembleia de 1999 a 2001.

Nomes fortes da política em Americana, os Macris foram um dos primeiros a embarcar na candidatura de João Doria, pupilo do governador, à Prefeitura de São Paulo –a ideia rachou o partido.

Atual líder do governo na Assembleia, Macris, 33, costuma dizer que um dos papéis principais do Parlamento é representar os anseios das bases dos deputados, mais que fiscalizar o Executivo.

A expectativa no Palácio dos Bandeirantes é que sua gestão não dê trabalho e transcorra sem sobressaltos. Contam que ele vença com 90 dos 94 votos possíveis –incluindo os da maioria do PT.

Para aliados, Macris se saiu bem ao conseguir votar e aprovar todos os projetos de interesse do Bandeirantes em 2016 –feito de que ele se orgulha. Sobretudo num período de recessão, com cortes de emendas de parlamentares.

A aliados tem dito que é contrário à criação de cargos na Assembleia e à incorporação da 3ª e da 4ª Secretarias à Mesa Diretora –proposta defendida pela base que poderia gerar novos cargos.

Nesse ponto, ele se difere do atual presidente, Fernando Capez, que implantou mais de 50 cargos comissionados. Na avaliação de colegas, Capez pensa mais no Parlamento. Macris, no governo.

TUCANO DE BERÇO

Os opositores relativizam os voos de Macris. Dizem que, como Alckmin tem praticamente todos os deputados na Casa, exceto os do PT (15) e do PSOL (2), os projetos do Executivo seriam aprovados de qualquer maneira.

Macris é da ala mais alckmista da bancada do PSDB. Já Capez é visto como um estranho no ninho. As divisões ficaram claras em 2016, quando vieram à tona as suspeitas de desvios na merenda escolar.

Capez precisou se defender praticamente sozinho das acusações de envolvimento com o esquema, enquanto parte dos tucanos só cuidou de blindar o governo na CPI que investigou o caso.

Barros Munhoz e Vaz de Lima, considerados mais articulados do que o jovem tucano, foram cotados para comandar a Assembleia na sucessão. Acabou prevalecendo a ideia de que era a hora de renovar. Barros Munhoz chegou pela primeira vez à Alesp em 1987 e Vaz de Lima, em 1994. Ambos já presidiram a Casa.

Cauê Macris subiu rápido e conta-se que nunca escondeu a intenção de chegar à presidência. Entrou no partido adolescente no projeto Tucaninhos, a convite da ex-primeira dama Lila Covas.

PIMENTA

Em setembro, Macris assinou um artigo na Folha, em que disse: "Há muito tempo o PT e seus associados usam a tática popularmente chamada de 'pega ladrão' para tentar transformar os outros naquilo que eles próprios são".

O texto apimentou a dissidência petista, capitaneada por João Paulo Rillo, Carlos Neder e José Américo. O trio defende que o partido seja coerente –o slogan é "petista não vota em golpista". Acreditam que o PSDB articulou o impeachment de Dilma Rousseff e que é o momento de se fortalecerem na oposição ao governo Alckmin.

Dono da segunda maior bancada da Alesp, o PT tradicionalmente fica com a 1ª Secretaria, que cuida dos recursos humanos. Em troca, vota com os tucanos para a presidência da Casa. Mas o cenário político agora é outro e não permite esse tipo de acomodação, afirma Américo.

Na segunda (13), o diretório estadual do PT decidirá se apoiará a eleição de Macris, o que é dado como certo nos bastidores. Para os cargos na Mesa, aventam-se Luiz Fernando (PT) para a 1ª Secretaria e Aldo Demarchi ou Estevam Galvão (ambos do DEM) para a 2ª Secretaria.


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