Folha de S. Paulo


Interpol prende em Miami operadores do PMDB alvos da Lava Jato

A Interpol prendeu nesta sexta-feira (24) em Miami, nos Estados Unidos, os operadores Jorge Luz e Bruno Luz, alvos da última fase da Operação Lava Jato.

Suspeitos de serem operadores do PMDB na Petrobras, eles eram considerados foragidos desde esta quinta (23).

O advogado Gustavo Teixeira afirma que os dois não estão detidos, mas apenas sendo interrogados, e que voltarão espontaneamente ao Brasil, como haviam prometido. O regresso, segundo a defesa, está marcado para esta sexta, com chegada a Brasília no sábado (25) pela manhã.

Reprodução
O paraense lobista Jorge Luz, com sua namorada Ariadne Coelho, a rainha das quentinhas em foto tirada no Paraguai em 1993. Reproducao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O paraense lobista Jorge Luz, em foto no Paraguai de 1993

Pai e filho, eles são alvo de um mandado de prisão preventiva. Os dois haviam viajado para os Estados Unidos, onde têm um apartamento, nos últimos meses (Bruno, em agosto; e Jorge, em janeiro deste ano) –para a PF, com o objetivo de "se furtar da aplicação da lei penal".

A defesa nega e diz que ambos estão dispostos a colaborar com as investigações "de maneira profícua e profunda". No passado, Jorge Luz tentou fazer delação premiada quando começou a ser citado na operação, mas não teve sucesso.

PERFIL

Jorge Luz, 73, engenheiro, é considerado por investigadores como "o operador dos operadores"

Ele começou a atuar na Petrobras na época do governo de José Sarney (PMDB), em 1986, segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que o mencionou em sua delação.

Sua proximidade da diretoria da estatal era tão grande que ele estacionava seu carro em vagas reservadas para diretores, segundo contou o ex-senador Delcídio do Amaral, também em delação.

Entre os políticos com quem tinha relação, estão o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA) e Silas Rondeau, ex-ministro de Minas e Energia, afirmou Delcídio.

Luz também foi citado por delatores como o operador Fernando Baiano, de quem é considerado uma espécie de "patrono", e Nestor Cerveró, que o apontou como o idealizador do apoio político do PMDB à diretoria Internacional da Petrobras.

O lobista considerava que o setor seria "um bom filão" para a obtenção de recursos para as campanhas eleitorais do partido.

Segundo a investigação, ele operava em parceria com o filho, Bruno Luz.


Endereço da página:

Links no texto: