Folha de S. Paulo


Assessor jurídico da Casa Civil tem apoio de Janot para a Justiça

O subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha, começou uma campanha para a vaga de ministro da Justiça, aberta após a indicação de Alexandre de Moraes para o STF (Supremo Tribunal Federal).

O assessor jurídico já indicou abertamente ao presidente Michel Temer a disposição de assumir a pasta e passou a buscar apoio na última sexta-feira, após a negativa do ex-ministro do STF Carlos Velloso em assumir o cargo. Procurado, Rocha disse que não se manifestaria.

O apoio mais forte é o de Rodrigo Janot, procurador-geral da República. Embora não manifeste publicamente, Janot tem dito a interlocutores que aprovaria a escolha.

Geraldo Magela -20.mai.2015/Agência Senado
Gustavo do Vale Rocha, assessor jurídico da Casa Civil em sessão no Senado
Gustavo do Vale Rocha, assessor jurídico da Casa Civil em sessão no Senado

Os dois se aproximaram nas sessões do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), do qual Janot é presidente. Rocha é conselheiro desde 2015 e foi reconduzido ao cargo em dezembro do ano passado. A simpatia já teria sido inclusive declarada a Temer.

Rocha também tem o apoio de aliados de Temer que articulam a nomeação na tentativa de aplacar os ânimos do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O assessor da Casa Civil foi advogado do ex-deputado e seu nome é visto como um aceno a Cunha, que já mandou recados ao governo de que pode fechar acordo de delação na Lava Jato.

Segundo pessoas que levaram o nome do assessor ao presidente, Temer ainda não se pronunciou sobre Rocha.

POLÊMICAS

Em oito meses no governo Temer, o advogado ganhou holofotes por ter protagonizado duas polêmicas.

Em novembro, apareceu em gravações feitas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero no caso envolvendo o ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e uma obra em Salvador ""Geddel deixou o cargo após o escândalo.

Recentemente, Rocha assinou petição em nome da primeira-dama, Marcela Temer, pedindo à Justiça de Brasília a proibição de publicação de informações sobre chantagem de um hacker sofrida por ela, o que lhe rendeu críticas por advogar particularmente para a família do presidente.

A Comissão de Ética Pública da Presidência vai investigar a conduta do subchefe de Assuntos Jurídicos no caso.

Outros dois nomes que têm sido defendido no Palácio para a vaga de ministro da Justiça são os do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp e do ex-ministro do STF Cezar Peluso.

Entre os cotados aparecem ainda Maria Tereza Uille, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).


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