Folha de S. Paulo


Para frear especulações, Doria diz a Alckmin que não pensa no Planalto

Danilo Verpa - 9.jan.2017/Folhapress
SAO PAULO - SP - 09.01.2016 - Encontro do prefeito Doria com o governador Alckmin com secretarios municipais e estaduais para firmarem parceirias entre estado e municipio. O evento foi realizado no Palacio dos Bandeirantes. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, COTIDIANO)
Alckmin e Doria durante encontro para anunciar pacote de parcerias

O aumento das especulações sobre uma eventual candidatura à Presidência, em 2018, fez com que o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), fosse até o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), sinalizar que o Planalto não está entre suas pretensões. Os dois se encontraram no domingo (19), para uma conversa reservada, no Palácio dos Bandeirantes.

Alckmin é padrinho político de Doria e foi o responsável por bancar a candidatura do prefeito, no ano passado, a contragosto de outros líderes do PSDB. Eleito, o prefeito prometeu atuar como cabo eleitoral de Alckmin na disputa presidencial.

De lá para cá, porém, Doria se projetou nacionalmente, tanto pela repercussão da vitória acachapante que conquistou em São Paulo, como pela avaliação positiva de sua atuação nos primeiros meses de mandato –segundo o Datafolha, 44% dizem que sua gestão é boa ou ótima.

Esses dados fizeram do prefeito personagem frequente de análises e, mais recentemente, de pesquisas eleitorais sobre o cenário para o Planalto em 2018.

Tanto na prefeitura como no governo estadual, pessoas próximas dizem que a amizade de Doria e Alckmin continua intocada, mas admitem que entre os auxiliares já existe um ar de desconfiança.

Já nas primeiras semanas de mandato do prefeito começaram as especulações sobre a possibilidade de ele estar imprimindo um ritmo forte de exposição e agendas públicas com vistas a se tornar uma opção para a sucessão de Alckmin ao governo no ano que vem.

Hoje, porém, os mais incomodados com a projeção do prefeito não descartam a possibilidade de ele estar trabalhando de olho em um cenário no qual a crise política se torne tão grave que todos os principais caciques do PSDB, inclusive Alckmin, sejam afetados por desdobramentos de investigações ou pelo descontentamento popular com a classe política tradicional.

ANTÍDOTO

Aliados do prefeito ressaltam que ele tem uma longa lista de projetos em parceria com o Estado e que aparecerá mais ao lado de Alckmin.

Um exemplo dessa simbiose foi dado nesta segunda-feira (20), quando Alckmin e Doria fizeram uma blitz por postos de gasolina sonegadores de impostos e fraudadores de combustível.

Tanto o prefeito como o governador publicaram vídeos propagandeando a ação em suas redes sociais. Nas palavras de um auxiliar de Alckmin, a exibição da parceria é o melhor "antídoto" para as especulações sobre rachaduras na relação entre os dois.

A exibição desse tipo de atividade é rotina para Doria, mas uma novidade para Alckmin, de perfil mais discreto.

A agenda de atividades conjuntas foi fechada logo no início deste ano. Em janeiro, reportagem da Folha já apontava a intenção do prefeito de programar agendas casadas.

A dobradinha, dizem aliados, interessa a ambos. Doria se consolida como liderança e Alckmin, por sua vez, amplia sua inserção na Grande São Paulo, onde historicamente enfrenta mais resistência de parte do eleitorado.


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