Folha de S. Paulo


Em desdobramento da Calicute, PF prende suposto operador de Cabral

Divulgação - 5.dez.2011/Governo do RJ
Sergio Cabral e Adriana Ancelmo em lancamento de livro do empresario Eike Batista, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, em 5 dezembro de 2011
Sergio Cabral e Adriana Ancelmo em lançamento de livro do empresario Eike Batista, em 2011

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram, na manhã desta quinta (2), um desdobramento da Operação Calicute, o braço fluminense da Operação Lava Jato.

Batizada de Operação Mascate, a força-tarefa cumpre o pedido de prisão de Ary Ferreira da Costa, que segundo a investigação é um dos operadores de pagamentos de propina ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Há outros dez mandados de busca e apreensão solicitados pelo juiz Marcelo Bretas, o mesmo que decretou a prisão do peemedebista e de Eike Batista.

Costa foi preso à tarde, informou a Polícia Federal.

A primeira etapa da Calicute foi deflagrada em novembro, com a prisão de Cabral. Na semana passada, o desdobramento da operação —a Eficiência— resultou na prisão do empresário Eike Batista e de seu sócio, Flávio Godinho, além de outros operadores de Cabral.

COMO ERA O ESQUEMA

Ary Ferreira da Costa teria cooperado com um esquema de lavagem de ao menos R$ 10 milhões nos últimos oito anos, segundo a investigação.

A força-tarefa apurou que operador repassava parte do dinheiro ilícito para concessionárias de veículos de um mesmo grupo. As lojas devolviam os valores por meio de contratos fictícios entre consultorias de fachadas e as revendedoras de automóveis. Outra parte do dinheiro de propinas foi lavada com a compra de sete imóveis.

Aryzinho, como era conhecido, tinha papel semelhante aos atribuídos a Carlos Emanuel Miranda e Luiz Carlos Bezerra, operadores financeiros de Cabral.

Ele, contudo, contava com uma rede própria mais complexa de lavagem de dinheiro, segundo as investigações do Ministério Público Federal.

Ela envolvia concessionárias de automóveis –que já haviam sido alvo da Operação Calicute– e uma imobiliária. As investigações apontam para a lavagem de ao menos R$ 10 milhões em diversas operações ao longo de oito anos.

"O operador financeiro atuava repassando os valores supostamente ilícitos à concessionárias de veículos pertencentes ao mesmo grupo familiar. O dinheiro retornava através de contratos fictícios firmados entre consultorias de fachada e essas revendedoras de automóveis", afirmou a PF em nota.

O novo alvo é também a ligação com as atividades de Cabral fora do governo. Ary foi sócio da Creações Opção, empresa que repassou mais de R$ 600 mil à consultoria Objetiva, criada pelo ex-governador ao sair do governo.

Agente fazendário, Ary também é um elo entre o esquema Cabral e fraudes na concessão de benefícios fiscais pelo governo. Delação premiada do economista Adriano José Reis Martins, dono de uma das concessionárias alvo de investigações, apontou o operador como responsável por facilitar a concessão de isenções e perdão de multas tributárias.


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