Folha de S. Paulo


Com dez anos no cargo, presidente da Assembleia da BA desiste de reeleição

Christophe Simon/AFP
ORG XMIT: CHS525 The President of the Legislative of Bahia State, Marcelo Nilo, gives a press briefing outside the building after the surrender of the police on strike who occupied the building in Salvador de Bahia, Brazil, on February 9, 2012. More than 200 police on strike over pay peacefully vacated the state legislature after a nine-day standoff, officials said. AFP PHOTO / Christophe Simon
O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Marcelo Nilo (PDT)

O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo (PSL), informou na noite desta quarta-feira (31) que desistiu de disputar mais um mandato para o cargo.

Nilo é um dos presidentes de Assembleia mais longevos do país —está no cargo desde 2007 e acumula quatro reeleições. Neste período, apoiou e foi apoiado pelo então governador, Jaques Wagner, e pelo governador Rui Costa, ambos do PT.

O motivo da desistência foi a perda de apoio político. Na última semana, deputados da oposição, da base e até de seu próprio partido anunciaram apoio ao deputado estadual Angelo Coronel (PSD).

A candidatura de Coronel foi costurada pelo senador Otto Alencar (PSD) e teve o apoio do PP do vice-governador, João Leão, além da bancada de oposição, que havia apoiado Nilo em quatro das cinco eleições para a Presidência.

Nilo tinha o apoio do seu partido, o PSL, além de PT, PC do B e PSB.

A retirada de sua candidatura e a virtual vitória de Ângelo Coronel, agora candidato único, é encarada como uma derrota do governador Rui Costa.

Apesar de considerar Nilo e Coronel como candidatos de sua base, a reeleição do atual presidente tinha o apoio da bancada petista e de secretários estaduais ligados ao PT.

Petistas consideram que a eleição de Coronel fortalece o senador Otto Alencar. Seu partido, o PSD, saiu das urnas em 2016 como o partido que mais elegeu prefeitos na Bahia, superando o PT.

Otto Alencar afirma que apoiará a reeleição de Rui Costa em 2018, mas aliados próximos do governador não descartam que o próprio Otto se lance candidato ao governo.

SEM MÁCULA

Em nota, Marcelo Nilo afirma que renunciou à disputa após "analisar a conjuntura" e diz que deixa o cargo "sem máculas".

Em seus cinco biênios à frente da Assembleia, Nilo foi questionado por distribuir bolsas de estudo e cargos temporários entre os deputados da base e da oposição.

A Folha revelou que as bolsas de estudo em universidades pagas pela Assembleia, que deveria ser destinadas a estudantes carentes, foram dadas a políticos, empresários e doadores de campanha dos próprios deputados.

As contratações temporárias foram questionadas pelo Ministério Público da Bahia. Segundo reportagem da Folha, pelo menos 40 cargos eram ocupados por políticos e seus parentes.


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