Primeira-dama do Brasil de 2003 a 2010, Marisa Letícia Lula da Silva morreu nesta sexta-feira (3), às 18h57, em São Paulo, aos 66 anos.
Mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela estava internada no Hospital Sírio-Libanês desde o último dia 24, quando sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
De acordo com boletim do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, ela estava sem fluxo cerebral. Com o diagnóstico, a família já havia autorizado na quinta (2) procedimento de doação de órgãos da ex-primeira-dama.
Diante da situação "irreversível", como definiu o médico da família, o cardiologista Roberto Kalil Filho, os aparelhos também foram desligados na quinta.
Após vir à tona o diagnóstico de ausência de fluxo cerebral, Lula e a família passaram a receber mensagens de solidariedade de políticos de diversos partidos.
O petista recebeu a visita no hospital do presidente Michel Temer (PMDB), que foi hostilizado ao entrar no local, e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) antecipou retorno de viagem à Europa para prestar condolências ao padrinho político.
No fim da tarde desta sexta, o padre Júlio Lancelotti foi ao hospital fazer a extrema unção de Marisa Letícia.
O velório está sendo realizado na manhã deste sábado (4), no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo (SP). A previsão é que a ex-primeira-dama seja cremada no cemitério Jardim da Colina, no ABC paulista, ainda na tarde.
A mulher do ex-presidente é potencial doadora de fígado, rins e córneas. A retirada de órgãos de Marisa estava prevista para começar por volta da meia-noite de sábado (4) —é preciso esperar um prazo de seis horas após a morte cerebral ser decretada.
HISTÓRICO
Conforme informou a colunista Mônica Bergamo, Marisa já tinha histórico de pressão alta. Além disso, fumava e não costumava se exercitar no ritmo indicado.
A ex-primeira-dama nasceu em São Bernardo do Campo em 7 abril de abril de 1950. Ela conheceu o ex-presidente Lula em 1973, aos 23 anos, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo.
Os dois eram jovens viúvos –ele de Maria de Lourdes, que morreu grávida durante uma cesariana de emergência. Ela, de um taxista que morreu assassinado, com quem teve um filho, Marcos. Lula já tinha uma filha, Lurian, fruto de relacionamento com a enfermeira Mirian Cordeiro.
Lula e Marisa se casaram em 1974 e tiveram três filhos: Fábio Luís, Sandro e Luís Cláudio.
INVESTIGAÇÃO
O ex-presidente perde a mulher no momento mais difícil de sua vida política. Ele é réu em cinco ações na Justiça e sua rejeição, de 44%, empata na liderança com a do presidente Michel Temer (PMDB), que tem 45%, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha em dezembro.
Na Operação Lava Jato, a ex-primeira-dama era ré junto com Lula em duas ações penais sob responsabilidade do juiz Sergio Moro. Ela também foi mencionada em investigações relacionadas à reforma de um sítio, em Atibaia (SP), usado pela família. Com a morte, o processo contra Marisa é extinto.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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CRONOLOGIA
1950
Nasce em São Bernardo do Campo (SP), no dia 7 abril
Anos 1960 e 70
Jovem, chegou a trabalhar como embaladora de bombons. Casou-se com um taxista que morreu assassinado. Com ele, teve o filho Marcos, nascido em 1971
1973
Conhece Lula aos 23 anos, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. O então metalúrgico era viúvo de Maria de Lourdes, que morreu grávida durante uma cesariana de emergência. Antes do relacionamento com Marisa, Lula teve uma filha com a enfermeira Mirian Cordeiro, Lurian
1974
Lula e Marisa se casam
1975
Nasce Fábio Luís, filho de Lula e Marisa. Anos depois, teriam mais dois filhos: Sandro e Luís Claudio Lula da Silva.
2003
Lula assume a Presidência da República, dois meses após vencer a eleição. Marisa se torna primeira-dama
2006
Na campanha de reeleição, Marisa coordena passeatas em Brasília e Goiânia. No governo, ela preferiu não se envolver pessoalmente com nenhum projeto da gestão
2016
Marisa se torna ré, junto com o marido e outras pessoas, em duas ações penais da Operação Lava Jato. Os processos abordam suposto favorecimento das empreiteiras OAS e Odebrecht ao ex-presidente. A defesa sempre negou as acusações