Folha de S. Paulo


Sem curso superior, Eike quer presídio mais seguro para se entregar

Divulgação - 5.dez.2011/Governo do RJ
Sergio Cabral e Adriana Ancelmo em lancamento de livro do empresario Eike Batista, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, em 5 dezembro de 2011
Sergio Cabral e Adriana Ancelmo em lancamento de livro do empresario Eike Batista, em 2011

O empresário Eike Batista, cuja prisão foi decretada pela Justiça federal do Rio de Janeiro, está disposto a se entregar à Polícia Federal desde que não tenha que ir para uma prisão comum, no qual ele acha que correria risco de vida, segundo a Folha apurou.

Apesar de ser sido o empresário mais rico do Brasil em 2012, com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões, ele não tem curso superior e por isso não tem direito a ficar num presídio mais seguro, como o que se encontra o ex-governador Sergio Cabral (PMDB), em Bangu, na zona norte do Rio.

Eike viajou na última terça-feira (24) para os Estados Unidos, onde se encontra em local ignorado, usando um passaporte alemão –ele tem dupla nacionalidade. Os seus advogados negam que ele soubesse do decreto de prisão e tenha ido para os EUA para escapar da ordem do juiz federal Marcelo Bretas.

Eike foi o principal alvo da Operação Eficiência da Polícia Federal, deflagrada nesta quinta (26) pela Polícia Federal. O empresário teve a prisão decretada depois que dois doleiros fizeram acordos de delação com procuradores da Operação Lava Jato no Rio e contaram que ele pagou US$ 16,5 milhões de propina a Sergio Cabral. Os doleiros são os irmãos Renato e Marcelo Hasson Chebar.

O valor foi transferido a Cabral em 2011 por Eike e Flávio Godinho, vice-presidente do Flamengo e principal executivo do grupo empresarial EBX, por meio de um banco do Panamá.

Para dar uma aparência legal à transferência, Eike inventou um contrato envolvendo a compra de uma mina de ouro. Os US$ 16,5 milhões foram enviados para uma conta no Uruguai que não está em nome de Cabral, mas o valor ficaria com o ex-governador do Rio, segundo procuradores da Lava Jato no Rio de Janeiro.

A defesa de Eike quer evitar a todo custo que seja consolidada a imagem dele como um fugitivo porque essa condição dificultaria a situação do empresário diante da Justiça. Juízes tratam com dureza investigados que fogem, e os tribunais superiores, como o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e o Supremo, tendem a negar pedidos de liberdade de suspeitos que deixam o país para escapar de um decreto de prisão.

Tanto a Polícia Federal quanto a Interpol já consideram Eike foragido da Justiça desde esta quinta (26).

PRESO SEM DIPLOMA

Único preso na primeira fase da Lava Jato no Rio sem diploma, Luiz Carlos Bezerra, apontado como operador financeiro do ex-governador, afirmou à Justiça Federal que a unidade em que está detido transformou-se num "barril de pólvora".

Bezerra está no presídio José Frederico Marques, Bangu 10, unidade para onde foram transferidos 600 traficantes da facção ADA (Amigos dos Amigos).

Os advogados do acusado afirmam que ele "sofre seríssimo risco de vida, ante a iminência de uma rebelião no presídio".

O juiz Marcelo Bretas, contudo, não concedeu liberdade ao acusado.

Colaborou ITALO NOGUEIRA, do Rio


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