Folha de S. Paulo


Nome para o STF não deve ser avesso à política, dizem aliados a Temer

Andressa Anholete/AFP
Brazilian President Michel Temer gestures during the announcement of new measures to stimulate the economy, in the Planalto Palace on December 15, 2016 in Brasilia. / AFP PHOTO / ANDRESSA ANHOLETE
O presidente Michel Temer, que vai escolher o novo ministro do STF

O presidente Michel Temer foi aconselhado pela cúpula de seu partido, o PMDB, a "suportar a pressão pública" pela indicação de um nome eminentemente técnico para o STF (Supremo Tribunal Federal). Aliados disseram que Temer não pode errar, e que seu eleito deve conhecer o universo político, e não ter aversão a ele.

O recado foi passado durante um jantar, na terça-feira (24), na residência do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Além de Temer, participaram do encontro alguns dos principais articuladores do PMDB no Congresso, como o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Do lado do governo estavam no jantar nomes como o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o secretário de parcerias com a iniciativa privada, Moreira Franco. Ambos são aliados de primeira hora do presidente.

A mensagem dos aliados vai contra o discurso que vem sendo ecoado publicamente pelo Planalto, de que o presidente busca alguém com um perfil "próximo ao de Teori".

Durante o jantar, Temer foi aconselhado a não descartar de saída perfis que tenham ligações com parlamentares e, de maneira sutil, foi lembrado que o eleito precisará ser sabatinado –e aprovado– pelo plenário do Senado.

O motivo do lembrete é evidente: praticamente todos os políticos que se reuniram com Temer, inclusive o próprio presidente, já foram citados por delatores da Operação Lava Jato.

GILMAR

O escolhido de Temer para o Supremo irá compor a segunda turma da Corte, onde atuava Teori. O colegiado é responsável pelos processos de investigados na operação com foro privilegiado. A turma é composta pelos ministros Gilmar Mendes, José Dias Toffoli, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski.

Mendes, por sinal, é citado como uma peça chave no processo de escolha do novo ministros. Aliados de Temer têm dito ao presidente que é preciso escutar o ministro, visto por eles como um exemplo de magistrado que transita tanto no meio jurídico como nos ambientes políticos.

Segundo auxiliares, a resposta do presidente ao recado de seus aliados foi a de que ele sabe que será pressionado, e que continuará tratando o assunto com cautela. Ele ainda tem dito que não rechaçará nomes com interlocução política apenas por terem essa característica.

Nos últimos dias, dois juristas ganharam projeção entre os cotados que teriam boa aceitação entre os políticos: o vice-presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Humberto Martins, e o também ministro da Corte, Luis Felipe Salomão.

Na tentativa de fazer uma "peneira" para indicar nomes, pessoas próximas ao presidente têm feito uma espécie de sabatina informal com diversos cotados, indagando-os sobre temas como a diferenciação entre caixa dois e corrupção e prisão após a segunda instância.

A assessoria de Temer diz que, se consultas estão sendo feitas, "ocorrem sem a autorização do presidente, que, constitucionalista, é o principal interlocutor do governo com o meio jurídico".


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