Folha de S. Paulo


Dono do hotel Emiliano morre no acidente

O empresário Carlos Alberto Filgueiras, 69, fundador do grupo Emiliano, estava no avião que caiu em Paraty (RJ) nesta quinta-feira (19) e matou também o ministro Teori Zavascki. Ele era proprietário da aeronave.

Com sua tradicional matriz em São Paulo, fundada por Filgueiras há aproximadamente 15 anos, e uma nova unidade com partes já inauguradas no Rio, o Emiliano é um ícone da hotelaria de luxo no país, frequentado pela elite e celebridades, como a modelo Gisele Bündchen.

O empresário costumava caminhar pelos corredores do hotel para acompanhar de perto a operação e treinava sua equipe para que conhecesse os hóspedes pelo nome, segundo o advogado Nelio Machado, amigo da família.

"O apartamento dele fica ao lado do hotel [na rua Oscar Freire] e é um lugar onde ele eventualmente dava um jeito de receber alguns amigos, quando não havia vagas no hotel. De forma generosa, ele cedia seu próprio apartamento sem cobrar", afirma Machado.

O chef de cozinha Laurent Suaudeau, de quem foi cliente, afirma que o empresário era ao mesmo tempo uma pessoa muito simples, mas que sabia comer e beber "do bom e do melhor" e conhecido por ser muito exigente.

"Ele tinha uma energia forte de trabalho. Foi um desbravador com o primeiro hotel-butique de São Paulo", afirma José Barattino, que foi chef do restaurante do hotel por oito anos.

ARQUITETURA

Filgueiras era apaixonado por design e amigo de arquitetos com quem elaborava seus projetos.

"Nossa relação profissional renderia um livro. Não era para ter partido agora que concluíamos o projeto do Emiliano no Rio. Ficamos de brindar na cobertura", diz o arquiteto Arthur Casas.

Era também amigo do cantor Roberto Carlos, de quem chegou a ser sócio no início do projeto do hotel.

De origem pobre, foi comerciante de madeira na juventude. Amigos relatam que ele exerceu diferentes atividades, mas ganhou muito dinheiro em Serra Pelada e se mudou para São Paulo, onde sua carreira deslanchou com a construção de empreendimentos imobiliários.

Paraty era um lugar que o empresário visitava com frequência, conforme relatos de amigos dele.

O avião do empresário que caiu no acidente era usado principalmente para visitar sua fazenda na região, onde ele tinha planos de construir um outro hotel de luxo no futuro, mas ainda esbarrava em estudos ambientais.

O empresário deixa quatro filhos, um deles chamado Emiliano.


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