Folha de S. Paulo


Empresas e políticos suspeitos de propina na Caixa negam ilegalidades

Samuel Costa/Folhapress
Agência da Caixa Econômica Federal em São Paulo
Agência da Caixa Econômica Federal em São Paulo

As empresas citadas na investigação da Operação Cui Bono como supostas beneficiárias do esquema de concessão de créditos pela Caixa Econômica Federal afirmam que não foram alvo da operação e que não cometeram irregularidades.

A JBS, dona dos frigoríficos Seara e Big Frango, informou que não foi notificada sobre a decisão judicial referente à essa operação e que "pauta suas relações na ética e profissionalismo e tem convicção da regularidade das suas práticas".

Sobre o diálogo entre o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ex-deputado Eduardo Cunha, a assessoria da J&F –grupo que congrega oito empresas, entre elas a JBS e outras citadas na operação– afirmou que "a Companhia nunca procurou os políticos para pedir facilidade ou intermediação em quaisquer de suas operações financeiras". Por este motivo, afirmou em nota, "causa estranheza o conteúdo exposto na conversa e o imenso interesse de ambos em interferir nas relações entre a Caixa Econômica Federal e a J&F".

"Sendo assim, a Companhia considera fundamental que as autoridades deem celeridade para o completo esclarecimento dos fatos", conclui o texto.

O grupo Marfrig informou que não foi alvo de qualquer medida da Polícia Federal e que a Caixa Econômica Federal ou qualquer um de seus fundos não são acionistas relevantes da Companhia.

A empresa também diz que operações da empresa com a Caixa "sempre foram feitas em condições de mercado, com custos equivalentes aos dos bancos privados, com garantias reais e sem qualquer tipo de privilégio".

Ainda segundo a Marfrig, as operações contratadas entre 2011 e 2013 foram devidamente liquidadas no prazo e condições e que não há débitos em aberto.

Veja o relatório da PF com os diálogos envolvendo Cunha e Geddel

A concessionária de rodovias BR Vias afirma que "segue colaborando com as autoridades para o total esclarecimento dos fatos".

A Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários afirma que não recebeu notificação oficial sobre o assunto, mas está à disposição para qualquer esclarecimento.

A Folha não conseguiu contato com a Inepar, a Digibras e o grupo Bertin.

POLÍTICOS

O advogado Pedro Ivo Velloso, que atua na defesa de Eduardo Cunha, afirma que ainda não teve acesso à íntegra das investigações mas que, desde já, "rechaça veementemente as suspeitas divulgadas".

Procurado, ex-ministro Geddel Vieira Lima estava com o telefone desligado. A assessoria do PMDB da Bahia, do qual Geddel é presidente, informou que o não havia nenhum posicionamento do ex-ministro sobre a operação.

Citada no relatório da procuradoria como beneficiária de uma intermediação do então deputado Eduardo Cunha junto ao então vice-presidente da Caixa Geddel Vieira Lima, a prefeitura de Barra Mansa (RJ) diz que buscou a renovação de um convênio com o banco para a gestão da conta bancária da prefeitura em 2012.

"O processo estava estagnado e dependia de manifestação da direção do banco. O pedido foi para que houvesse prosseguimento no processo", diz em nota a prefeitura, que informou que a renovação do convênio acabou não acontecendo.

Por meio de sua assessoria, o PSC, citado como beneficiário de supostos repasses intermediados por Cunha e Geddel, informou não ter tido acesso a nenhuma informação referente à operação. "Todas as doações feitas ao PSC obedecem à legislação eleitoral vigente e são devidamente informadas à Justiça Eleitoral por meio das prestações de contas", disse o partido.


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