Folha de S. Paulo


Partido de Jovair Arantes quer adiar eleição na Câmara

Alan Marques - 10.jan.2017/Folhapress
Jovair Arantes (PTB-GO) no lançamento da sua candidatura à presidência da Câmara, em Brasília
Jovair Arantes (PTB-GO) no lançamento da sua candidatura à presidência da Câmara, em Brasília

Deputados federais que apoiam a candidatura de Jorvair Arantes (PTB-GO) à presidência da Câmara afirmaram nesta sexta-feira (13) que estudam entrar com um requerimento para que a eleição seja adiada do dia 2 para o dia 10 de fevereiro. A mudança da data foi defendida pelo presidente do PTB paulista, o deputado estadual Campos Machado, durante encontro de Jovair com políticos de São Paulo.

De acordo com o deputado Paulinho da Força, presidente do SD, o requerimento seria apresentado pelo deputado Fausto Pinato (PP-SP) antes que o Congresso retome os trabalhos legislativos, idealmente com a assinatura de 50 ou 60 parlamentares. Ele explicou que a estratégia visa evitar que a eleição aconteça antes que o STF (Supremo Tribunal Federal) decida sobre a possibilidade de reeleição do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), favorito na disputa.

"O objetivo não é atrapalhar a candidatura de Maia, é saber se ele pode ou não pode", disse Paulinho. A Constituição veda reeleição ao cargo, mas Maia trabalha com a hipótese de que a norma não se aplicaria a ele, já que tomou posse para um mandato-tampão –foi eleito em julho, após a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele ainda não oficializou a candidatura, mas trabalha diariamente para vencer no primeiro turno.

Jovair e aliados têm criticado Maia com o discurso de que ele está jogando a Câmara dos Deputados nos braços da judicialização. O democrata dá de ombros à polêmica e aposta que o STF evitará interferir no resultado do pleito, em vista dos conflitos recentes entre Judiciário e Legislativo.

A estratégia do PTB esbarra no próprio adversário, já que Maia tem a opção de avaliar o requerimento sozinho ou encaminhá-lo à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Como o presidente trata a tese favorável à sua recondução como "pacificada", foi aconselhado a não consultar a CCJ sobre assuntos ligados à eleição.

O encontro contou com a presença do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, reabilitado após indulto do STF em março.

Jovair está em São Paulo para tentar atrair a ala do PSDB aliada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB). Porém, o governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB), interlocutor previsto para ir ao encontro, não estava presente. Jovair, Jefferson, Alckmin e Perillo têm novo encontro marcado para a tarde desta sexta, no Palácio dos Bandeirantes.

'FILIGRANA'

Roberto Jefferson comparou a atitude de Maia com seu antecessor, Eduardo Cunha, famoso por suas manobras regimentais na Câmara dos Deputados.

"Joga na conveniência, está ruim isso, não pode manobrar nesse sentido, a sociedade não aceita mais isso", disse Jefferson. "Essas manobras levaram a um desgaste brutal da Câmara dos Deputados e da figura do ex-presidente. É filigrana jurídica. O cara cozinha. Está dentro da vírgula aqui, pode, está fora da vírgula, não pode. Isso está errado", completou.

Sobre as tentativas de Maia de conquistar o "centrão", grupo de partidos médios que reúne 250 deputados e reduto de Jovair, Jefferson indicou um contra-ataque: "E o Jovair está fazendo o quê? Ele está em São Paulo e hoje vai visitar o PSDB. Ele tenta no quintal do Jovair e o Jovair tenta no quintal dele."


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