Folha de S. Paulo


No Rio, Picciani deve chegar a 12 anos na chefia da Assembleia

Leo Pinheiro/Valor
Data: 01/10/2015 Editoria: Politica Reporter: Cristian Klein Local: Rio de Janeiro, RJ Pauta: Entrevista com o presidente da Alerj Setor: Legislativo Personagem: Jorge Picciani, presidente da Alerj - Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, fotografado durante a entrevista e no corredor da Alerj, no centro do Rio Tags: falando, gesticulando, familia, filhos, deputados, rosa, pecuarista Fotos: Leo Pinheiro/Valor ***FOTO DE USO EXCLUSIVO FOLHAPRESS***
Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro

Um dos políticos fluminenses mais poderosos, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (PMDB), mantém o posto dando espaço até mesmo para a oposição ao governo que ele apoia.

Ele deve alcançar seu sexto mandato à frente da Alerj neste ano, o que levará a 12 anos não consecutivos no comando dos deputados estaduais. Vai tentar a reeleição em chapa única sob investigação de enriquecimento ilícito.

Neste último mandato, Picciani se notabilizou por críticas ao governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), membro do partido que também presidente regionalmente. Já classificou o correligionário de "fraco" e o governo de "sem direção".

Neste ano, devolveu projetos do pacote de austeridade do governo, que luta agora para fechar um plano de recuperação fiscal com a União. Picciani afirma que não abandonou a aliança, mas teve de ouvir o "sentimento dos deputados".

"O que há de diferente nesse momento é que o Pezão perdeu a base. Tive que abrir um campo de negociação muito maior", disse Picciani, que assumiu pela primeira vez a Alerj em 2003, sob o governo Rosinha Garotinho e permaneceu até o fim do primeiro mandato de Sérgio Cabral (PMDB), em 2010.

A negociação resume a característica descrita por deputados da base e até mesmo da oposição sobre Picciani.

"Picciani tem um controle político no Rio de Janeiro muito forte. É uma pessoa que construiu uma teia muito sólida, com uma relação de favores e domínio. Mas é um político habilidoso que sabe ouvir. Ele atendeu a vários pedidos do PSOL, mesmo sabendo que era um grupo de oposição. Ele tem um respeito pela oposição, sem deixar de ser governo", afirmou o deputado Marcelo Freixo (PSOL).

Picciani nunca ocupou cargo federal, embora atue fortemente no plano nacional. Perdeu na única vez que não tentou reeleição como deputado estadual, em 2010, quando tentou o Senado. Ficou quatro anos sem mandato, mas com o comando da sigla.

Com o controle do PMDB-RJ, liderou a ala do partido que desembarcou da candidatura de Dilma Rousseff (PT) à reeleição em 2014 em favor de Aécio Neves (PSDB). Depois, se aliou à presidente e foi um dos últimos peemedebistas a se descolar do governo no processo de impeachment. Seu filho, Leonardo Picciani (PMDB), se tornou ministro dos Esportes na gestão Michel Temer.

O deputado Luiz Paulo (PSDB) afirma que as regras para eleição da presidência impedem o surgimento de outros candidatos que não do maior partido. Diferentemente da Câmara dos Deputados, que permite chapa avulsa, a eleição para comandar a Alerj exige uma chapa completa, com 13 nomes.

"A base majoritária tem sido o PMDB. Muitas vezes eles disputam entre eles. Mas quem vence internamente será o presidente", afirmou o tucano.

Picciani deve comandar a Assembleia por mais dois anos sob investigação da Procuradoria-Geral de Justiça. Ele é suspeito de obter propina por meio da venda de gado de sua empresa, o que ele nega.


Endereço da página: