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Maia diz que sua candidatura na Câmara começa a 'ficar madura'

Alan Marques/Folhapress
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, durante a votação sobre o pacote que reúne um conjunto de medidas de combate à corrupção (DF)
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, durante votação na Casa

Relutante em admitir que é candidato à reeleição, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quarta-feira (4) que sua candidatura está "começando a ficar madura" e que será oficializada quando entender que há "harmonia" na Casa. Em outras palavras, só se lançará candidato quando tiver segurança de que terá maioria dos votos.

"Minha candidatura precisa amadurecer. Ela está começando a ficar madura", disse Maia, após uma série de reuniões com o presidente Michel Temer, com lideranças do PSDB na Câmara e com o ministro tucano José Serra (Relações Exteriores).

À noite, Maia ainda receberia aliados em um jantar na residência oficial da Câmara.

"Se eu entender que minha candidatura representa um caminho de harmonia na relação entre os Poderes e, principalmente, no plenário da Câmara, que até julho tinha virado um campo de guerra, você pode ter certeza que neste momento a minha candidatura vai estar madura e eu vou decidir com meus aliados anunciá-la. Acho que ainda falta um pouco para eu ter a clareza de que meu nome representa a harmonia na Casa, principalmente, mas a harmonia entre Câmara, Senado, Executivo e Judiciário", disse o presidente da Câmara.

Maia também tenta segurar o máximo possível a oficialização de sua candidatura por uma questão jurídica.

Admitir que é candidato criaria um fato concreto para que seus adversários na disputa cobrem do STF (Supremo Tribunal Federal) um posicionamento sobre o caso.

A Constituição e o regimento da Câmara vedam que o presidente da Casa dispute a reeleição em uma mesma legislatura. Maia entende que, como foi eleito para um mandato tampão após a cassação de Eduardo Cunha, a regra não se aplica a ele.

PLANALTO

Maia negou que tenha ido ao Palácio do Planalto para tratar da eleição.

"Não sou candidato do presidente Michel Temer. Quero ser candidato dos deputados e deputadas assim que eu decidir sobre a minha candidatura", disse Maia.

Oficialmente, Temer tem afirmado que não se envolverá no processo de escolha, mas, nos bastidores, o governo federal tem articulado a desistência de candidatos adversários e o apoio de siglas à reeleição do democrata.

Até agora, por exemplo, o Planalto conseguiu convencer o PSDB e o PMDB a apoiarem Maia e iniciou ofensiva sobre o PP e o PTB.

Na tentativa de evitar retaliações do centrão, o presidente se encontrou com os deputados federais Jovair Arantes (PTB-GO) e André Moura (PSC-SE) e afirmou que o governo federal não tem preferência por nenhum dos candidatos da base aliada.

"O presidente reafirmou que o Palácio do Planalto não tem nenhuma preferência pelas candidaturas colocadas pela base aliada e que ele continuará dizendo e determinando que nenhum ministro interceda com relação a um ou outro candidato, porque ele quer que a disputa fique restrita ao Poder Legislativo", relatou Jovair.


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