Folha de S. Paulo


Presidenciáveis são citados em delações na Lava Jato

Os principais possíveis candidatos à disputa pelo Palácio do Planalto em 2018 apareceram em propostas de delação premiada de empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o senador Aécio Neves (PSDB), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o chanceler José Serra (PSDB) e o presidente Michel Temer (PMDB) foram citados na colaboração de executivos da Odebrecht. Já Marina Silva (Rede) apareceu na proposta de delação de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que acabou sendo suspensa.

Líder nas simulações de primeiro turno de pesquisa Datafolha divulgada em dezembro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o único réu entre os possíveis candidatos. Ele é alvo de cinco processos, três no âmbito da Lava Jato, e também nas operações Zelotes e Janus.

Na primeira, o petista é acusado de tentar obstruir as investigações, e teria participado de trama para comprar a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

Além disso, também é réu em ação sob acusação de lavagem de dinheiro no caso do tríplex que teria no Guarujá e em processo que o acusa de corrupção passiva em esquema envolvendo a Odebrecht.

A empresa teria sido usada para a compra de terreno para o Instituto Lula e de apartamento em São Bernardo.

O ex-presidente é réu ainda em ação da Janus. Ele teria participado de esquema envolvendo obras da empreiteira em Angola e a empresa de Taiguara Rodrigues, parente do petista. Na Zelotes, Lula se tornou réu na sexta (16), sob acusação de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Lula nega as acusações e diz ser perseguido pela Justiça.

Terceiro colocado na pesquisa, com variação entre 11% e 7%, a depender do cenário, Aécio Neves, senador e presidente do PSDB, é apontado como sendo o "mineirinho" das planilhas que listam o recebimento de propinas da Odebrecht. Ele teria ganhado R$ 15 milhões.

O mineiro também é investigado sob suspeita de integrar esquema de corrupção em Furnas, subsidiária da Eletrobras, e de maquiar dados do Banco Rural, em 2005, para esconder o chamado "mensalão mineiro".

Como Marina Silva, que, segundo Léo Pinheiro, teria recebido em 2010 caixa dois para sua campanha ao Planalto, Aécio é ainda citado na proposta de colaboração da OAS.

O tucano disputa a vaga de candidato do PSDB com o chanceler José Serra, outro citado na "delação do fim do mundo" como tendo recebido R$ 23 milhões de caixa dois em 2010, e com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Alckmin é apontado como sendo o "santo" das planilhas de propina da empreiteira. Um delator também aponta o recebimento de caixa dois em 2010 e 2014. O governador diz serem conclusões prematuras, baseadas em informações de delação não homologada.

Já o presidente Michel Temer (PMDB), com apenas 4% no Datafolha, foi citado 43 vezes na colaboração de executivo da Odebrecht. Ele teria pedido dinheiro ilícito para seu partido em 2010 e 2014, acusação que nega.

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Joel Silva/Folhapress
O ex-presidente Lula, cuja defesa diz ver 'elo suspeito' de Lava Jato com EUA
O ex-presidente Lula

LULA (PT)
Ex-presidente (2003-2010), pode ser aposta do PT para voltar ao poder em 2018; lidera todos os cenários de 1º turno
24% a 26% (variação de intenção de voto em cinco cenários para o primeiro turno, segundo Datafolha)

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Réu
Caso: Denunciado em dez.16, acusado de receber propina da Odebrecht, usada na compra de terreno para o Instituto Lula e apartamento em São Bernardo do Campo
O que diz a defesa: Lula aluga apartamento vizinho ao seu e nunca foi dono do terreno em questão

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Réu
Caso: Em julho, Justiça Federal do DF aceita denúncia contra Lula, que teria participado de trama para comprar delação de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras
O que diz a defesa: Lula nunca interferiu ou tentou interferir em depoimentos relativos à Lava Jato

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Réu
Caso: Em setembro, Justiça Federal do PR aceita denúncia contra o petista no caso do tríplex no Guarujá. Apontado como beneficiário de R$ 3,7 mi da OAS
O que diz a defesa: Lula não é dono do tríplex nem recebeu propina. Lava Jato não apresenta provas

Origem da investigação: Operação Zelotes
Estágio: Réu
Caso: Suspeito de integrar esquema que prometia intervir no governo para beneficiar empresas. Em troca, teriam sido repassados R$ 2,5 mi a seu filho
O que diz a defesa: Nem o ex-presidente nem seu filho participaram ou têm conhecimento do esquema

Origem da investigação: Operação Janus
Estágio: Réu
Caso: Em outubro, vira réu sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro na contratação, pela Odebrecht, de empresa de Taiguara Rodrigues, seu parente
O que diz a defesa: Lula não tem nenhuma participação em negócios de Taiguara Rodrigues

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Investigação
Caso: Apuração sobre repasses de R$ 30,7 milhões feitos por empreiteiras mencionadas na Lava Jato para sua empresa de palestras, a Lils
O que diz a defesa: Palestras de fato foram ministradas

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Investigação
Caso: Apuração sobre se nomeação como ministro de Dilma, em março, teve desvio de finalidade, para obstruir a Lava Jato
O que diz a defesa: Nomeação vinha sendo discutida desde 2015 e não teve objetivo de alterar foro

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Citação
Caso: O patriarca da Odebrecht, Emilio Odebrecht, menciona Lula em sua delação; a Arena Corinthians teria sido construída como presente ao petista
O que diz a defesa: Seria 'especulação' da força-tarefa da Lava Jato

Renato Costa - 18.abr.2016/Folhapress
Marina Silva, da Rede, avalia cenário político após aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara, em Brasília
A ex-senadora Marina Silva (Rede)

MARINA SILVA (REDE)
Porta-voz da Rede Sustentabilidade. Disputou as eleições de 2010 e 2014, aparece como favorita em todos os cenários de segundo turno no Datafolha
11% a 17% (variação de intenção de voto em cinco cenários para o primeiro turno, segundo Datafolha)

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Citação
Caso: Segundo proposta de delação da OAS, teria recebido caixa 2 para campanha em 2010; Léo Pinheiro diz que candidata não queria ser associada à empresa
O que diz a defesa: Prestação de contas no TSE "é suficiente para identificar a inverdade da 'notícia' relatada"; em nota à Folha, porta-voz da Rede chamou acusação de "injusta" e afirmou que "'neste momento em que a sarjeta da política já está repleta de denunciados, o melhor caminho é confiar no trabalho do Ministério Público e da Polícia Federal. Reafirmo meu total apoio à operação Lava-Jato para passar o Brasil a limpo. A lei é para todos"

Alan Marques/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL,27.09.2016. Os senadores Tarso Jereisate (E) e Aécio Neves falam com a imprensa após encontro com o presidente Michel Temer. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
O senador Aécio Neves (PSDB-MG)

AÉCIO NEVES (PSDB)
Senador e presidente do PSDB, o candidato derrotado por Dilma em 2014 é uma das possíveis apostas do partido para 2018
7% a 11% (variação de intenção de voto em cinco cenários para o primeiro turno, segundo Datafolha)

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Investigação
Caso: Apuração por causa da delação do ex-senador Delcídio do Amaral, que o acusa de receber propina em Furnas, empresa subsidiária da Eletrobras
O que diz a defesa: Chama de 'absurdas' citações de Delcídio do Amaral

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Investigação
Caso: Apuração sobre participação na maquiagem de dados do Banco Rural para a CPI dos Correios, em 2005, que teria tido o objetivo de esconder o mensalão mineiro
O que diz a defesa: Inocência ficará provada ao final das investigações

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Citação
Caso: É citado sob a alcunha de "mineirinho" nas planilhas da Odebrecht e apontado como destinatário de R$ 15 milhões na campanha ao Planalto em 2014
O que diz a defesa: Valor foi registrado no TSE, segundo PSDB mineiro; Aécio desconhece citações

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Citação
Caso: Léo Pinheiro, da OAS, diz que pagou propina a auxiliares de Aécio pela Cidade Administrativa, em BH. Sérgio Machado, ex-Transpetro, diz que pagou R$ 1 mi
O que diz a defesa: Desconhece os relatos feitos por Léo Pinheiro e considera as declarações "falsas e absurdas"

Susana Vera/Reuters
Brazil's Foreign Minister Jose Serra attends a joint news conference with Spain's Foreign Minister Alfonso Dastis (not pictured) in Madrid, Spain November 23, 2016. REUTERS/Susana Vera ORG XMIT: SVP06
O chanceler José Serra (PSDB-SP)

JOSÉ SERRA (PSDB)
Atual chanceler, tucano corre por fora para ser a escolha do partido como candidato
4% a 9% (variação de intenção de voto em cinco cenários para o primeiro turno, segundo Datafolha)

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Citação
Caso: Odebrecht apontou que teria repassado R$ 23 mi via caixa dois à campanha de Serra na eleição de 2010; dinheiro teria sido pago em contas na Suíça
O que diz a defesa: Campanha foi de acordo com lei eleitoral; finanças eram responsabilidade do PSDB

Origem da investigação: Cartel dos trens
Estágio: Investigação
Caso: Esquema de fraude de licitação teria ocorrido em sua gestão à frente do governo de São Paulo
O que diz a defesa: O senador não se pronunciou sobre as investigações

Bruno Poletti - 17.out.2016/Folhapress
Para Alckmin, não há motivo para que o Senado não vote segundo turno da PEC do Teto
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB)

GERALDO ALCKMIN (PSDB)
Governador de São Paulo, o tucano disputa internamente com Aécio a vaga de presidenciável do PSDB
5% a 8% (variação de intenção de voto em cinco cenários para o primeiro turno, segundo Datafolha)

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Citação
Caso: Segundo delação da Odebrecht, teria recebido dinheiro vivo como caixa dois para suas campanhas de 2010 e 2014 ao governo do Estado
O que diz a defesa: São "prematuras" conclusões com base em vazamentos de delações não homologadas

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Citação
Caso: Apareceria nas planilhas do "setor de propina" da empreiteira Odebrecht sob o apelido de "santo"
O que diz a defesa: Os delatores isentam o governador em suas colaborações premiadas

Origem da investigação: Cartel dos trens
Estágio: Investigação
Caso: Esquema de fraude de licitação teria ocorrido em sua gestão à frente do governo de São Paulo
O que diz a defesa: No caso, o alvo da investigação não foi diretamente o governador

Origem da investigação: Trecho norte do Rodoanel
Estágio: Investigação
Caso: Inquérito da Polícia Federal apura suposta fraude em obra do trecho norte do Rodoanel pela Dersa, empresa contratada por sua gestão no Estado
O que diz a defesa: No caso, o alvo da investigação não foi diretamente o governador

Paulo Whitaker/Reuters
Brazil's President Michel Temer arrives in Chapeco to pay tribute to the victims of the plane crash in Colombia, in Chapeco, Brazil December 3, 2016. REUTERS/Paulo Whitaker ORG XMIT: AST01
O presidente Michel Temer

MICHEL TEMER (PMDB)
Atual presidente da República, o peemedebista aparece com apenas 4% de intenção de voto na pesquisa
4% (variação de intenção de voto em cinco cenários para o primeiro turno, segundo Datafolha)

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Citação
Caso: Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, diz que Temer negociou R$ 1,5 mi em propina para a campanha de Gabriel Chalita em 2012
O que diz a defesa: Não houve pedido de doação ilícita para Machado

Origem da investigação: Lava Jato
Estágio: Citação
Caso: Aparece na delação da Odebrecht, citado 43 vezes; de acordo com a empreiteira, teria pedido dinheiro para o PMDB em 2010 e 2014
O que diz a defesa: Não houve pedido de doação ilícita para a Odebrecht


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