Folha de S. Paulo


Caiado diz que não se pode temer 'antecipar' processo eleitoral

Pedro Ladeira - 25.ago.2016/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 25-08-2016, 09h00: O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) discute com o senador Lindberg Farias (PT-RJ) e com a senadora Fátima Bizerra (PT-PB). Sessão para votação do julgamento final do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, no plenário do senado. O presidente do STF Ministro Ricardo Lewandowski preside a sessão. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), na sessão do impeachment de Dilma

No dia em que o governo tenta aprovar um de seus projetos essenciais na área econômica, a PEC do teto de gastos, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) afirmou que não se pode ter "medo" de antecipar o processo eleitoral.

O senador defendeu que o presidente Michel Temer olhe para os desejos da população.

"Não podemos ter medo de uma antecipação do processo eleitoral. Isso se vê com muita frequência no parlamentarismo", afirmou Caiado, da base de apoio do governo federal.

Caiado ainda disse: "Há momentos em que se precisa ter gestos maiores para não se colocar em risco. Ele [Temer] deve ter a sensibilidade que não teve a presidente Dilma. Não é provocar as ruas, não insistir em tese que não vai sobreviver. Deve ter noção do que está sendo feito pelo governo e como está sendo visto pelas ruas. Esse é um ponto principal de um governante."

Caiado tem manifestado, nos bastidores, intenção de se lançar candidato à Presidência da República em 2018.

A declaração ocorre no mesmo dia em que a oposição voltou a defender a renúncia do presidente Temer "por falta de legitimidade do governo".

Uma renúncia de Temer até 31 de dezembro ensejaria, de acordo com a Constituição Federal, eleições diretas. Passado esse período, é o Congresso quem escolhe o novo governante caso algo ocorra e Michel Temer saia do cargo.

As manifestações se seguem a uma série de fatos que desgastaram o governo. O último deles, o teor de delações de executivos da Odebrecht que mencionam figuras-chave na gestão Temer, inclusive o próprio presidente.

Pesquisa Datafolha divulgada no último domingo (11) aponta queda na popularidade de Temer. A população também demonstrou, conforme o balanço, alta rejeição ao peemedebista.

REAÇÃO

A cúpula do DEM reuniu-se no plenário do Senado mesmo e procurou minimizar os impactos das declarações de Caiado.

"O DEM continua na base. É uma opinião dele que o partido respeita", disse o senador Agripino Maia (RN), presidente do DEM.

Outras lideranças do partido disseram, em reserva, que o movimento de Caiado é isolado e tem como foco a candidatura do senador à Presidência da República em 2018.

O líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), foi na mesma linha.

"O senador Caiado é candidato a presidente da República, é presidenciável. Tem muitos presidenciáveis no Brasil, o que é bom porque vai gerar muitas opções para 2018. Agora, até 2018, a Constituição garante a manutenção do governo do presidente Michel Temer", afirmou Jucá.


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