Folha de S. Paulo


'Se houver delitos, que venham todos à luz de uma única vez', diz Temer

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Sao Paulo, SP. Brasil. 12.12.2016. O presidente Michel Temer, ao lado de politicos e empresarios durante homenagem, no Palacio dos Bandeirantes, em Sao Paulo, em motivo do Prêmio Líder do Ano, no evento promovido pelo Lide, entidade do Grupo Doria. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress)
Temer, ao lado de políticos e empresários durante homenagem, no Palácio dos Bandeirantes

O presidente Michel Temer recebeu na noite desta segunda-feira (12) o prêmio Líder do Brasil em evento organizado pelo Lide, grupo empresarial do prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB). O evento foi realizado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

O prêmio foi entregue ao presidente pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que disse que Temer se sente em casa no palácio –ele foi procurador do Estado e secretário de Segurança Pública nos anos 1980.

Temer e Alckmin trocaram elogios publicamente, em um momento em que o governo federal quer dar mais espaço para o PSDB. Alckmin é um "homem de posições límpidas, corretas, arejadas", disse Temer.

Em seu discurso, o peemedebista afirmou que o momento conturbado por que passa o país exige coragem.

"Coragem para fazer coisas aparentemente impopulares, mas que gerarão popularidade logo ali adiante. Nós estamos com seis meses de governo, temos mais dois anos pela frente. Eu gostaria imensamente de poder gastar, mas nós precisamos dar uma nova fisionomia ao Brasil, e por isso que eu aceitei logo o teto dos gastos públicos", afirmou Temer.

Além da PEC que impõe um teto de gastos, o presidente também defendeu sua proposta de reforma da Previdência. "Nós precisamos reformar a Previdência hoje para garantir a Previdência amanhã. Por isso, nós precisamos de coragem", declarou.

Temer voltou a falar em união para tirar o país da crise e fez uma rápida referência às revelações recentes de que membros do primeiro escalão de seu governo e ele próprio foram citados por delatores da Odebrecht.

"Se houver delitos, malfeitos, que venham todos à luz de uma única vez, porque o Brasil precisa resolver isso imediatamente. Não pode aquietar-se em face daquilo que é mal conduzido, mas também não pode paralisar as suas atividades", afirmou, para uma plateia de empresários de vários setores também homenageados pelo Lide.

Nesta segunda, Temer enviou uma carta ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, criticando vazamentos de partes de delações ainda não homologadas pela Justiça e pedindo que eles sejam apurados.

"Quero dizer a todos que eu saio daqui animadíssimo. Nós estamos aqui numa ilha, é verdade, mas é uma ilha de prosperidade, de gente que cresceu, de gente que teve coragem. Vocês transmitem aos governantes uma energia extraordinária que me faz sair daqui e dizer que, em função deste prêmio, nós vamos passar os dois anos, vamos colocar o Brasil nos trilhos", reforçou Temer.

Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (11) mostrou que 63% dos brasileiros querem que Temer renuncie à presidência para que haja novas eleições.

Homenageado especial da noite, o empresário Abilio Diniz disse, antes de Temer discursar, que o novo governo trouxe esperança e, com ela, confiança para os empresários.

Diniz defendeu uma união do setor produtivo para dar suporte às iniciativas do governo –como a PEC do teto de gastos e a reforma da Previdência– que, segundo ele, estão "desatando nós estruturais".

"Se tem questões que transitam pela Justiça, elas serão encaminhadas pela Justiça, no seu tempo. Nós não podemos paralisar o Brasil", disse Diniz, sob aplausos dos empresários homenageados.

Também participaram do evento o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e os ministros Alexandre de Moraes (Justiça), Mendonça Filhos (Educação) e Bruno Araújo (Cidades), que entregaram os troféus a parte dos homenageados.

A celebração terminou ao som do "Tema da Vitória" –canção associada ao piloto Ayrton Senna que marcou a eleição de Doria à Prefeitura de São Paulo. Com um esquema de segurança mais rígido que o do ano passado, Temer e Alckmin saíram sem responder perguntas de jornalistas.


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