Folha de S. Paulo


Ex-assessor de José Janene é condenado em ação penal da Lava Jato

Giuliano Gomes/Folhapress
Ex-tesoureiro do PP João Claudio Genu, preso na 29ª fase da Lava Jato, chega ao IML de Curitiba para fazer exame de corpo de delito
Genu, preso na 29ª fase da Lava Jato, no IML de Curitiba para fazer exame de corpo de delito em maio

Ex-assessor do deputado José Janene, João Cláudio Genu foi condenado nesta sexta (2) a oito anos e oito meses de prisão por envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

Ele é acusado de ter recebido pelo menos R$ 4,3 milhões em propina da Petrobras, além de quantias em dólar e em euro.

Genu, que está preso em Curitiba, também operou o esquema junto com o doleiro Alberto Youssef, após a morte de Janene –um dos líderes do PP e que detinha a indicação da diretoria de Abastecimento da estatal.

Na sentença, o juiz Sergio Moro afirma que há provas "acima de qualquer dúvida razoável".

"João Cláudio Genu, como ele mesmo confessa, tinha pleno conhecimento das propinas pagas pelas empresas fornecedoras da Petrobras a Paulo Roberto Costa e aos agentes políticos, entre eles parlamentares federais, do Partido Progressista, mas mesmo assim concordou em intermediar pagamentos, além de receber parcela em benefício próprio", escreve o juiz.

Entre as provas mencionadas pelo juiz, estão registros de pagamentos a Genu em planilhas de Youssef e seus funcionários, além do depoimento de delatores da operação e da própria confissão do réu durante o processo.

Genu, também condenado no escândalo do mensalão, admitiu parte dos crimes, dizendo que acompanhou Janene em reuniões com empreiteiras e com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, para tratar de propina. Disse receber, na época, R$ 50 mil por mês, e afirmou ter repassado dinheiro também a Costa.

O ex-assessor foi considerado culpado de corrupção e associação criminosa.

Foi absolvido, porém, da acusação de lavagem de dinheiro pela compra de joias à sua esposa -Moro considerou que não havia prova suficiente de que ele possuía as joias, já que ele negou a compra e que as notas fiscais apresentadas pela acusação não eram nominais, nem tinham a descrição das peças.

Também foi condenado Rafael Ângulo Lopez, ex-funcionário de Youssef, que fazia pagamentos de propina a Genu e a outros agentes públicos. Delator da Lava Jato, ele cumpre pena em regime aberto diferenciado.

Um antigo sócio de Genu, Lucas Amorim Alves, que recebeu parte dos pagamentos para o ex-assessor, foi absolvido por falta de provas de que tenha agido com dolo.

A defesa de Genu informou que irá recorrer da decisão.


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