Folha de S. Paulo


Maia rebate críticos a emendas sugerindo que disputem eleições

Alan Marques/Folhapress
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, na sessão de votação da chamada PEC dos Precatórios, em Brasília (DF), nesta quarta-feira
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)

Após críticas do Ministério Público e do Supremo Tribunal Federal (STF) ao desfigurado pacote medidas contra corrupção aprovado na madrugada desta quarta-feira (30) na Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os rebateu dizendo que, se quiserem, podem disputar eleições em 2018.

Depois de horas de sessão, deputados votaram por emendas que acabaram tirando o propósito original do projeto, que ficou meses em uma comissão, e ainda colocaram uma medida para punir juízes e membros do Ministério Público por abuso de poder.

Em entrevista à Folha, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse estar "estupefato" com a votação Câmara. A Força-Tarefa da Lava Jato se manifestou, ameaçando renunciar os parlamentares não voltassem atrás. A presidente do STF, ministra Carmén Lúcia, divulgou nota em que lamentou o resultado da votação.

"Eu tenho muita certeza que, no sistema democrático, nós precisamos trabalhar de forma harmônica com os outros Poderes, mas temos a independência para legislar. Essa independência ninguém vai subtrair de cada um de nós. Aqueles que queiram participar do processo legislativo, que é cativante e apaixonante, em 2018 nós teremos eleições. Podem participar e estar aqui conosco", afirmou Maia, em discurso no plenário, na noite desta quarta.

"O que não podemos aceitar é que a Câmara seja um cartório carimbador de parte da sociedade", completou.

Antes, em entrevista coletiva, o presidente da Câmara rejeitou que o pacote aprovado tenha sido uma retaliação aos investigadores e juízes envolvidos na Operação Lava Jato.

"Isso não existe. Porque o resultado não foi do jeito que gostariam, querem tirar a legitimidade? Quem legisla é o Poder Legislativo", declarou.

Aos jornalistas, Maia não quis, no entanto, comentar especificamente a ameaça de renúncia feita pela Força Tarefa de Curitiba e minimizou a manifestação de Carmen Lúcia, dizendo que respeita as instituições e as opiniões diferentes.


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