O MBL (Movimento Brasil Livre), um dos principais articuladores do impeachment de Dilma Rousseff, convocou um protesto contra a tentativa anistiar o caixa dois. A manobra, que corre na Câmara, pode ajudar políticos alvos da Operação Lava Jato a escapar de serem enquadrados nos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
A manifestação será realizada em São Paulo no dia 4 de dezembro, em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo). O grupo pretende estabelecer as ambições em relação ao tamanho do protesto na semana que vem, de acordo com movimentação da anistia na Câmara.
"O que estamos vendo é a união da classe política contra o interesse público", disse à Folha Pedro Ferreira, um dos fundadores do movimento. Ele ressaltou que a articulação que está sendo feita demonstra fisiologismo, já que as negociações envolvem partidos de ideologias divergentes, como PT e PSDB.
A manobra é patrocinada por quase todas as siglas representadas na Câmara. Rede e PSOL se à movimentação.
Em texto que Renan Santos, outro líder nacional do grupo, enviou à militância do movimento, a manobra é caracterizada como
"passa-moleque", "mão de gato" e "canalhice ímpar".
"Como podem achar que iriam dar esse 'passa moleque', essa 'mão de gato' num projeto de lei que já vinha causando um dos debates mais irracionais no país? Definitivamente, o Brasil já produziu corruptos mais inteligentes", concluiu.
Ao comentar os acontecimentos dos últimos dias –como a tentativa de anistiar crimes e as revelações de que o ex-ministro Geddel Vieira Lima teria pressionado um colega de esplanada para liberar construção irregular de imóvel em Salvador– Santos disse que houve um "um surto de picaretagem explícita, oportunismo selvagem, corporativismo, ignorância e histeria".
Deputados que articulam a anistia querem incluí-la em um conjunto de medidas idealizadas para combater a corrupção. O pacote foi inicialmente levado ao Congresso pelo Ministério Público Federal, na forma de um iniciativa popular que reuniu 2 milhões de assinaturas.