Folha de S. Paulo


Procuradoria denuncia senador Ciro Nogueira na Lava Jato

Pedro Ladeira/Folhapress
Presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), diz que o partido permanece na base de apoio ao governo até a votação do impeachment
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI)

A Procuradoria-Geral da República ofereceu denúncia, nesta quarta-feira (16), contra o senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), sob acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.

Para que Nogueira se torne réu é necessário que o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), aceite a denúncia.

Nogueira começou a ser investigado no ano passado, em decorrência dos depoimentos de Ricardo Pessoa, dono da UTC, e do ex-diretor da empreiteira Walmir Pinheiro, que fecharam acordo de delação premiada com a Lava Jato. A casa do senador chegou a ser alvo de busca e apreensão em julho de 2015.

Pessoa relatou que foi procurado por Nogueira em 2013, quando o político era ministro das Cidades do governo Dilma Rousseff, e este lhe pediu R$ 2 milhões. Inicialmente, o dinheiro seria para um suposto tratamento médico de um familiar. O empresário disse que aceitou ajudá-lo porque visava ter vantagens no ministério.

Ainda segundo o delator, foi pago R$ 1,4 milhão em três parcelas, em dinheiro vivo, e mais R$ 475 mil, ao longo de 2014, por meio de um escritório de advocacia de Brasília que firmou contrato fictício de prestação de serviço com uma empresa de Pessoa —daí a denúncia incluir o crime de lavagem de dinheiro, devido à tentativa de dissimular a transação.

O restante do valor supostamente combinado para ser pago em novembro de 2014 —cerca de R$ 250 mil— não foi transferido por causa da deflagração da Lava Jato e de uma auditoria externa na UTC, disse Pessoa aos investigadores.

OUTRO LADO

O advogado de Nogueira, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou à Folha que a denúncia é "surpreendentemente falha". Primeiro, porque ficou comprovado na própria investigação que o senador nunca teve contato com o dono do escritório de advocacia que teria intermediado parte dos pagamentos.

Segundo, porque não faz sentido que Nogueira, que vem de uma família rica, pedisse dinheiro para tratar um familiar doente.

Ainda de acordo com Kakay, como presidente do PP, Nogueira procurou vários empresários, inclusive Pessoa, para pedir doações eleitorais, e todas foram feitas legalmente e declaradas.


Endereço da página:

Links no texto: