Folha de S. Paulo


Corrente do PT aceita acordo para trocar comando da sigla em congresso

Após uma semana de negociação e diante da resistência de parcela do partido, Lula cobrou responsabilidade de petistas para sucessão interna no partido. "Pra fazer acordo, tem que ceder",

Na terça-feira (8), Lula convenceu a tendência CNB (Construindo um Novo Brasil) —da qual faz parte— a apoiar um modelo segundo o qual os diretórios estaduais e nacional do PT seriam eleitos em congresso.

A CNB, que é a maior força interna do partido, concordou com a fórmula desde que os delegados municipais sejam escolhidos pelo voto direto.

Todas as correntes concordaram com a eleição de seu novo presidente num congresso.

Graças à mobilização de Lula, duas tendências reuniram votos suficientes para aprovar essa proposta num encontro que ocorrerá nesta quinta (10), em São Paulo. Na noite de terça, integrantes da esquerda sinalizaram em favor desse acordo.

Nesta quarta, no entanto, durante reunião na sede do partido, voltaram atrás, defendendo a realização de congresso em todas as instâncias, incluindo municipais.

Presente à reunião, e após ouvir apelos para que assuma a presidência do partido, Lula sugeriu que as diferentes correntes busquem um consenso para que não exponham suas fissuras.

Contrariado por impasse sobre uma questão pontual, Lula cobrou responsabilidade dos petistas para a travessia de um momento tão difícil. No final da reunião, que consumiu três horas, Lula relatou seu esforço pela unificação do partido, declarou seu amor ao PT e disse que fez sua parte. E agora cabe aos dirigentes do partido a costura de uma solução de consenso.

Embora tenha obtido voto para aprovação de sua proposta, Lula disse não desejar que vá a voto. E insistiu num acordo.

Na reunião, o presidente do PT de São Paulo, Emídio de Souza, manifestou seu descontentamento com a relutância da esquerda, lembrando que a CNB cedeu aos apelos de Lula. Emídio questionou a razão de realização de uma reunião, já que todos reafirmaram seus velhos pontos de vista.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse em conversas que todos têm que ceder.

Defensor de uma de eleição a partir de congressos em todas as instâncias partidárias, o deputado Paulo Teixeira alegou que foi nesses debates que nasceram os atuais líderes petistas.

Esse debate embute a briga pelo comando do PT. Sempre derrotada em eleições diretas, a esquerda do PT quer a realização de congressos.

Hoje na cúpula da sigla, a CNB não quer mudar a fórmula que a elegeu. Alinhavado o método, o PT escolherá o nome de candidatos a presidente da sigla.

Resistente à indicação de seu próprio nome, Lula insiste na candidatura do ex-ministro Jaques Wagner. A CNB já consultou o prefeito Luiz Marinho sobre a ideia de concorrer.

O atual presidente do PT de São Paulo, Emídio de Souza, está na corrida pela presidência do PT.


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