Folha de S. Paulo


Egressos do governo Dilma ocupam vagas com petistas no Senado

Simone Dib/Folhapress
ARARAQUARA, SP, 02-10-2016: Edinho Silva (PT) foi recebido com abraços após a apuração dos votos, no comitê do partido. (Foto: Simone Dib/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
Edinho Silva é recebido com abraços no comitê do PT após apuração de sua eleição em Araraquara

Figuras que atuaram no governo Dilma Rousseff encontraram emprego com parlamentares do PT no Senado Federal e na equipe de transição do ex-ministro Edinho Silva (Comunicação Social), eleito prefeito em Araraquara, interior de São Paulo.

Em Brasília, a liderança da minoria no Senado abriga a maioria deles e acabou apelidada por petistas de "parque dos dinossauros de Dilma". Segundo relatos, alguns foram contratados a pedido da própria ex-presidente.

Uma dos mais ilustres é Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula e ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência de Dilma.

Como assessor contratado em 11 de agosto, Carvalho tem salário líquido de R$ 15.025,34, mais R$ 924,36 de auxílio-alimentação.

Quem também está na liderança da minoria é Daisy Barretta, que era responsável pela agenda de Dilma e acompanhou a petista no Palácio da Alvorada quando foi afastada temporariamente.

O ex-fotógrafo da Presidência Roberto Stuckert é outro no gabinete da liderança.

Recém-contratados, Daisy e Stuckert têm salários de cerca de R$ 13 mil.

Outra petista que circula pelo Senado é Eva Chiavon, que chefiou a Casa Civil nos dois meses que antecederam o afastamento de Dilma. Está lotada como assessora do gabinete do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), com salário líquido de R$ 15,8 mil.

De acordo com Lindbergh, líder da minoria na Casa, a intenção é trazer mais nomes do antigo Poder Executivo.

"Nossos melhores nomes estavam lá [no Planalto]. E agora podemos trazê-los para cá para reforçar a oposição", disse, adiantando que busca espaço para, pelo menos, outros dois nomes: os ex-ministros Tereza Campello (Desenvolvimento Social) e Carlos Gabas (Previdência).

Lindbergh disse que em alguns momentos é preciso demitir pessoal para trazer os novos, mas que é uma mudança "de qualidade".

ARARAQUARA

Prefeito eleito de Araraquara (a 273 km de São Paulo), Edinho Silva disse que todos os ex-componentes do governo federal que integram sua equipe de transição são de "extrema confiança". A cidade é a maior conquistada pelo PT no Estado.

Sua comissão terá como membro Manoel de Araújo Sobrinho, que foi chefe de gabinete do petista em Brasília e que teve o nome citado na Operação Lava Jato.

Em delação premiada, Walmir Pinheiro, ligado à UTC, relatou ter sido orientado pelo ex-presidente da empreiteira a procurar Sobrinho para fazer um repasse de R$ 5 milhões. Edinho nega.

Além dele, Clélia Mara dos Santos e Sinval Alan Ferreira estiveram na Secretaria de Comunicação quando Edinho era ministro. Ferreira também integrou a equipe de transição de Dilma em 2010.

Marcos Robison Isidoro da Silva é outro nome da equipe. Ele trabalhou na EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e foi secretário-adjunto da Administração em São Bernardo do Campo, cidade onde o PT nem sequer chegou ao segundo turno neste ano. Também já foi secretário da Administração de Edinho em Araraquara.

Os indicados por Edinho não são remunerados –ao menos por enquanto. A avaliação de políticos da cidade é de que a maioria deles fará parte do primeiro escalão do próximo governo.

Edinho não confirma e diz que eles aceitaram contribuir com a cidade, que são de sua confiança e conhecem seu programa de governo.

"Para construir um quadro bom, são necessários muitos anos, não é simples. E eles entendem de gestão. O Manoel trabalhou comigo, é da minha confiança", disse.

Questionado se Araraquara poderia abrigar petistas que ficaram fora do governo em outros locais, ele negou.

"Ninguém pediu [cargos], nem faria isso, pois me conhecem. Araraquara tem pessoas capazes para me ajudar a tocar a administração."

Sobre a Lava Jato, disse que assumiu a Secom com ela já em andamento e que tinha como missão blindar e evitar irregularidade na campanha de Dilma.


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