Folha de S. Paulo


Ex-deputado chega a Curitiba sob gritos de 'Fora Cunha'

Preso preventivamente na Operação Lava Jato, o ex-deputado Eduardo Cunha chegou na Polícia Federal em Curitiba nesta quarta (19) aos gritos de "Fora, Cunha".

Cunha chegou por volta das 17h15, numa viatura descaracterizada, cujo trajeto foi acompanhado por um helicóptero.

Cerca de 20 manifestantes e curiosos aguardavam em frente à PF, a maioria do movimento Curitiba contra a Corrupção.

A polícia, porém, despistou o grupo e a imprensa: o carro em que Cunha estava entrou pelos fundos do prédio, e só depois ingressou na garagem.

Os manifestantes, mesmo assim, aplaudiram a chegada das viaturas aos gritos de "Polícia Federal, orgulho nacional", e cantaram o hino nacional na sequência.

Cunha é réu sob acusação de corrupção na Justiça Federal do Paraná. Sua prisão foi ordenada pelo juiz Sergio Moro, que entendeu que havia risco à investigação e à ordem pública.

A mobilização dos manifestantes foi feita na mesma tarde, pelas redes sociais.

"Jogou na rede, é peixe. Ainda mais peixe grande", diz a professora aposentada Narli Resende, 59, uma das organizadoras da manifestação.

Moro determinou, na decisão que ordenou a prisão, que não fosse permitida a filmagem ou fotografia de Cunha, assim como o uso de algemas.

"Tanto quanto possível, não se deve permitir a filmagem ou a fotografia do preso durante a efetivação da prisão e deslocamento do preso", escreveu.

OUTRO LADO

Em entrevista à imprensa logo após a chegada de Cunha, o advogado Ticiano Figueiredo criticou a decisão da prisão e disse que não havia "qualquer fato novo" que justificasse a medida.

"Esse pedido de prisão ficou no Supremo por mais de quatro meses e o Supremo não decidiu, o que significa que não havia elementos para prender", disse o defensor.

"Agora, em menos de uma semana, ele acaba sendo preso aqui sem qualquer fato novo."

O advogado, porém, elogiou a postura dos policiais federais no momento da prisão, feita em Brasília. Disse que foram "extremamente educados", evitaram exposição e agiram "de forma serena".

Na saída da PF, Figueiredo foi insultado por manifestantes. Cercado pela imprensa, que tentava falar com o advogado, ele foi identificado por um grupo pequeno de pessoas, que, com os celulares na mão, passaram a filmar e xingar o defensor.

"Bandido, vagabundo, safado. Ganha honorários de propina", gritavam. "Veio no avião dele, cachorro?"

O advogado ficou em silêncio e não respondeu.


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