Folha de S. Paulo


Prisão de Cunha é anunciada na Câmara e aliados adotam o silêncio

Joel Rodrigues -12.set.2016/Xinhua
(160912) -- BRASILIA, septiembre 12, 2016 (Xinhua) -- Eduardo Cunha pronuncia un discurso durante una sesión en el plenario de la Cámara de Diputados, en Brasilia, Brasil, el 12 de septiembre de 2016. La Cámara de Diputados de Brasil retiró en la noche del lunes el mandato de su expresidente Eduardo Cunha, del Partido del Movimiento Democrático Brasileño (PMDB), por 450 votos a favor, 10 en contra y 9 abstenciones, por quiebra del decoro parlamentario al haber mentido sobre poseer cuentas bancarias en el exterior. (Xinhua/Joel Rodrigues/FRAMEPHOTO/AGENCIA ESTADO) (ae) (da) (vf) ***PROHIBIDO SU USO EN BRASIL***
O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso nesta quarta-feira (19)

Minutos após a confirmação da prisão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um de seus principais adversários foi ao microfone do plenário da Câmara anunciar a notícia, mas apenas um dos seus outrora numerosos aliados se dispôs a comentar o assunto —e não o defendeu.

Chico Alencar (PSOL-RJ) relatou a prisão às 13h36 desta quarta-feira (19) durante a sessão que votava emendas ao projeto que altera as regras de exploração do pré-sal.

Não houve um só comentário. Só cerca de meia hora depois outros adversários de Cunha foram aos microfones e começaram a falar sobre o assunto. Um deles chegou a dizer que esta quarta marca o início do fim do governo de Michel Temer (PMDB), aliado de Cunha.

"Hoje é um dia histórico. O dia de hoje, 19 de outubro de 2016, é o começo do fim do governo Michel Temer. Eu duvido que um homem como Eduardo Cunha, acostumado a tomar os melhores vinhos, a visitar os melhores hotéis, a comer os melhores pratos, a desfrutar dos melhores sabores da vida, aguente a prisão em Curitiba sem fazer delação premiada", discursou Sílvio Costa (PT do B-PE).

Ele ironizou, afirmando que "muitos parlamentares" e "muita gente no Palácio do Planalto" estaria aumentando a encomenda de tranquilizantes após a notícia da prisão de Cunha.

O único a falar em tom destoante foi o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), segundo quem a oposição não deveria comemorar pois o próximo a ser preso pode ser o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"O governo está em silêncio porque o Brasil está mudando e vai continuar a mudar. A Polícia Federal e o Ministério Público continuam investigando e quem cometeu seus crimes vai pagar por eles. E hoje foi o Cunha, mas amanhã pode ser o Lula. E espero que essa tribuna não seja usada para show de pirotecnia. Vai ter muito mais prisão do lado de lá do que do lado de cá", disse o deputado do DEM, aliado de Cunha.

Eleito presidente da Câmara em fevereiro de 2015, Eduardo Cunha foi um dos mais poderosos políticos dos últimos anos, tendo desempenhado papel central no processo que resultou no impeachment de Dilma Rousseff. No auge de sua gestão contava com o apoio explícito da grande maioria dos deputados.

Sua derrocada se deu devido às suspeitas de envolvimento no petrolão, o que resultou no seu afastamento do mandato e da presidência da Câmara em 5 de maio deste ano, por decisão unânime e inédita do Supremo Tribunal Federal. Em setembro, ele teve o mandato cassado com 450 votos de seus 512 colegas.

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MOTIVOS PARA A PRISÃO PREVENTIVA

Segundo o juiz Sergio Moro

Boa prova de autoria e materialidade dos crimes
"As provas orais e documentais, portanto, indicam [...] que Eduardo Cosentino da Cunha foi beneficiário de acertos de propinas"

Risco à aplicação da lei penal
"Enquanto não houver rastreamento completo do dinheiro [...], há um risco de dissipação do produto do crime, [...] presente igualmente um risco de fuga ao exterior"

Risco à investigação
"[...] agiu, reiteradamente, para obstruir as investigações e a apuração de suas responsabilidades, intimidando testemunhas, advogados e autoridades responsáveis pela condução dos processos"

Risco à ordem pública
"A dimensão e o caráter serial dos crimes estendendo-se por vários anos, é característico do risco à ordem pública"

Cunha na Lava Jato

OUTRAS INVESTIGAÇÕES

Porto Maravilha
Empreiteiras teriam pago propina por financiamento

Requerimentos na Câmara
Suposto abuso de poder para extorquir adversários

Caixa Econômica Federal
Supostos desvios de fundos

BTG Pactual
Suspeita de recebimento de propina para aprovar emenda que favorecia o banco BTG Pactual

Furnas
Suspeita de recebimento de propina em contratos da estatal


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