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Executivo menciona Moreira, Jucá e Geddel em negociação de delação, diz revista

Pedro Ladeira/Folhapress
Secretário do PPI Moreira Franco foi citado em negociação de delação de executivo
Secretário do PPI Moreira Franco foi citado em negociação de delação de executivo

O executivo Claudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, citou em negociação para fechar delação o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), o secretário Moreira Franco (Programa de Parcerias de Investimentos) e o senador Romero Jucá (PMDB-RR). A informação foi publicada pela revista "Veja" desta semana.

Os três peemedebistas integram o círculo próximo do presidente Michel Temer.

De acordo com a publicação, Melo, que discute colaboração com a Operação Lava Jato, contou que Moreira Franco pediu à Odebrecht, em 2014, uma colaboração de R$ 3 milhões.

O dinheiro não era para a campanha, segundo a revista, já que Moreira Franco, então ministro da Aviação Civil de Dilma Rousseff, não foi candidato naquele ano.

A "Veja" informa que Melo ainda não detalhou aos investigadores quais interesses estariam por trás da contribuição, mas os advogados da Odebrecht iriam revelar em breve que o dinheiro que teria sido dado a Moreira Franco era para que ele abortasse a ideia da construção de um aeroporto em Caieiras, em São Paulo.

A Odebrecht liderou um consórcio que venceu a disputa pela concessão do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, com investimento previsto de R$ 19 bilhões, mas o governo estaria pressionando a empreiteira para também assumir o investimento em Caieiras.

Segundo a reportagem, mensagens apreendidas durante a investigação corroboram a versão do executivo.

Ele também teria dito na conversa com os procuradores que intermediou o pagamento de R$ 10 milhões em propina para Jucá, ex-ministro do Planejamento de Michel Temer, para que ele trabalhasse pelos interesses da companhia em projetos de lei e medidas provisórias que tramitavam no Congresso. O dinheiro teria sido pago na forma de doações legais e ilegais, diz a revista.

Ainda segundo a publicação, o ex-dirigente da Odebrecht contou aos investigadores detalhes do financiamento das campanhas de Geddel, de quem seria vizinho em um condomínio próximo a Salvador. A "Veja" não informa, porém, o que exatamente Melo relatou sobre as campanhas do ministro.

O executivo teve acordo de delação recentemente rejeitado pelos procuradores, mas pessoas próximas de Melo afirmaram à Folha na sexta-feira (14) que a negociação avançou e que sua delação está perto de ser aceita.

Mais de 40 funcionários e ex-funcionários da Odebrecht já fecharam acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato.

OUTRO LADO

A Odebrecht disse que não se manifestará sobre o caso.

Em nota, Moreira Franco disse que a afirmação de Cláudio Melo Filho "é uma mentira afrontosa". "Jamais falei em dinheiro com ele. Considero a denúncia uma indignidade e, sem provas, uma covardia."

O secretário afirmou ainda que a construção do terceiro aeroporto de São Paulo não ocorreu por causa de questões técnicas. "O artigo 2º do Decreto 7.871, de 21 de dezembro de 2012, impede aeroportos privados de explorarem linhas aéreas regulares, como se queria."

A revista também diz que Jucá nega os fatos narrados na matéria.

A Folha não conseguiu contato com os citados na reportagem da revista.


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