Folha de S. Paulo


Plano proposto a Temer prevê alterações na agenda e nos discursos

Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente Michel Temer realiza reunião sobre o PPI (Programa de Parceria em Investimentos), no Palácio do Planalto.
O presidente Michel Temer

A proposta de um novo plano de comunicação para o governo, apresentada nesta quinta-feira (22) pelo jornalista Eduardo Oinegue a Michel Temer, prevê mudanças na agenda e na formulação dos discursos do presidente, além da definição de temas pré-estabelecidos pelo Planalto para as falas dos ministros.

Segundo a Folha apurou, o plano estabelece que os auxiliares do presidente falem cada vez mais, porém, pré-orientados pelo Planalto sobre assuntos específicos, para evitar recuos que foram comuns no início do governo. Temer, por sua vez, também teria que alterar a construção de seus discursos e até mesmo a maneira como despacha com ministros e assessores.

A ideia é que os eventos aos quais o presidente compareça passem por um "filtro" do Planalto e se alinhem cada vez mais ao perfil de Temer e de seu governo. Hoje, dizem assessores, os compromissos são "empurrados pela burocracia" da Presidência, que recebe um volume enorme de convites e não os seleciona.

Além disso, o plano proposto pelo jornalista dispõe que eventos, assessoria e publicidade continuem a funcionar nas estruturas atuais, mas de forma integrada, inclusive com um assessor direto para comandar as operações.

Após o encontro com Oinegue no Palácio do Jaburu, Temer disse a aliados que gostou do projeto e que iria estudar os pontos. No início da tarde desta quinta, o Planalto divulgou nota oficial para dizer que Temer recebeu um "plano estratégico para as várias áreas da comunicação", com o objetivo de "colocar a comunicação no centro das decisões governamentais". "Pelo plano, o porta-voz seria um diplomata, não Oinegue", diz o texto.

PORTA-VOZ

Oinegue negou o convite de Temer para ocupar o posto de porta-voz do governo e sugeriu que a função seja exercida por um diplomata.

Na concepção de Temer, a principal carência de seu governo é um porta-voz para falar em nome da gestão em momentos de crise e também nos anúncios de medidas importantes. O presidente avalia ainda que o porta-voz deve se deter à produção de briefings, os quais seriam formulados pela Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), comandada pelo jornalista Márcio de Freitas.

Consultor político, Oinegue participa de um grupo informal de conselheiros do governo para a área de comunicação e gostaria de uma função mais abrangente, de formulador, dizem assessores de Temer, que afirmam ainda que o jornalista poderia gerar "desgaste" para o governo por atender a clientes do setor privado.

O próprio jornalista emitiu uma nota na qual afirma que, "por se tratar de um tema complexo, com implicações em diversas áreas da administração pública, o presidente precisa analisá-lo [o plano] com calma".


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