Folha de S. Paulo


Advogado diz que mulher de Mantega estava pré-anestesiada durante prisão

A mulher do Guido Mantega, Eliane Berger, estava pré-anestesiada e semiconsciente quando seu marido foi levado do hospital Albert Einstein pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (22), de acordo com o advogado José Roberto Batochio, que representa o ex-ministro preso. A prisão foi revogada pelo juiz Sergio Moro, horas depois.

Perguntado pela Folha se a mulher de Mantega, que passa por cirurgia, estava consciente quando a força-tarefa apareceu, Batochio respondeu: "Não, estava pré-anestesiada, semiconsciente". Questionado sobre se a mulher tinha então entendido o que se passava, o advogado disse que Mantega relatou ter tido a impressão de que ela percebeu os telefonemas e a "saída abrupta" dele.

Jorge Araujo/Folhapress
Sao Paulo, SP, Brasil, 22.09.2016 Ex-ministro da Fazendo Guido Mantega chega a sede da Policia Federal,em Sao Paulo. Foto:Jorge Araujo/Folhapress
Ex-ministro da Fazenda Guido Mantega chega à sede da Polícia Federal, em São Paulo

O advogado informou que cirurgia está em andamento. Questionado, Batochio informou que, na eventualidade de a prisão prejudicar o procedimento, não tem intenção de explorar isso na defesa. "O que se considera nessa hipótese é apenas uma situação humana dramática e que faz pensar a cada um de nós, como nos sentiríamos se estivéssemos na mesma situação", disse.

Enquanto Batochio conversava com a imprensa em frente à superintendência da PF em São Paulo, menos de dez manifestantes de verde e amarelo com cartazes do juiz Sergio Moro chegaram e começaram a gritar frases como: "Vai faltar cadeia".

Os manifestantes acompanharam o advogado, chamaram-no de ladrão até que ele entrasse em seu carro e fosse embora.

O advogado relatou que informou Mantega da ida dos policiais ao hospital, depois que ele não foi encontrado em casa. Segundo ele, Mantega teve que deixar o centro cirúrgico para encontrar os agentes no saguão.

Batochio disse ainda que não teve ciência dos fatos que levaram à expedição do mandado de prisão temporária de Mantega até a coletiva da PF, realizada na manhã desta quinta.

"Estamos sabendo desses fatos agora, esses fatos eram absolutamente secretos", declarou. Ele classifica a prisão de Mantega como desnecessária. "Quer ouvir, quer investigar, chama, íntima. Qual é a necessidade disto?" argumentou.

POSIÇÃO DA PF

Em nota e durante entrevista coletiva na manhã desta quinta, a PF negou que tenha havido ação policial dentro do hospital. Afirmou que os policiais foram à residência do ex-ministro para os cumprimentos das ordens judiciais e que somente lá foram informados de que Mantega estava na unidade de saúde.

"Nas proximidades do hospital, policiais federais fizeram contato telefônico com o investigado, que se apresentou espontaneamente na portaria do edifício", disse a PF, em nota. "De forma discreta e em viatura não ostensiva, o investigado acompanhou a equipe até o apartamento e, já tendo feito contato com seu advogado, foi então iniciado o procedimento de busca", completa.

Do apartamento, Mantega foi levado à sede da PF.

O delegado Igor Mário de Paula reiterou que não houve a entrada de policiais na unidade de saúde. O procurador Carlos Fernando Lima, da força-tarefa da Lava Jato, afirmou que a ação ocorreu com o "máximo de cuidado que a situação exigia". "Infelizmente, quando uma operação é deflagrada, não é possível voltar atrás."

Colaborou BELA MEGALE, de Brasília


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