Folha de S. Paulo


No Ceará, Lula diz que 'estão com medo' de que ele volte à Presidência

Ricardo Stuckert/Instituto Lula
O ex-presidente Lula é recebido por militantes em Barbalha, interior do Ceará, onde participa de comício

Em discursos realizados nesta quarta-feira (21), no interior do Ceará, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva citou o processo em que é réu desde terça (20) e disse que um "grupo de meninos" futuca sua vida sem encontrar provas.

Dizendo-se ofendido e magoado, Lula afirmou que estão com medo de que ele volte à Presidência da República. O ex-presidente disse ser alvo de perseguição desde 2011, quando a preferência eleitoral do PT chegou a 34%.

"Aí começou a tentativa de me destruir", afirmou o ex-presidente ao discursar na cidade de Barbalha (a 503 km de Fortaleza).

Descrevendo o que, na sua opinião seria o discurso dos adversários, Lula afirmou: "Além de afastar a Dilma, precisamos cuidar desse Lula. Se a gente ficar brincando, esse Lula se mete a se candidatar de novo".

O ex-presidente cumpre uma agenda de comícios pelo Nordeste nesta semana, onde participará de passeatas e acompanhará candidatos do PT às eleições municipais.

Na cidade do Crato (a 500 km de Fortaleza), o ex-presidente disse que há exatamente dois anos "uns jovens do Ministério Público, da Polícia Federal e da Fazenda" o investigam. Segundo o petista, "quem não pode falar bem de si fala mal dos outros".

Insistindo na ideia de que a denúncia contra ele se baseia em convicções, sem provas, Lula recomendou que "o cidadão pegue suas convicções e guarde" para si.

"Agora, o cara diz: 'não tenho provas, tenho convicções'. Se fosse dizer as convicções que tenho de algumas pessoas deste país, não caberia nessa praça."

Também nesta quarta, o juiz Sergio Moro expediu uma intimação a Lula e a outros sete réus sobre a decisão de abrir a ação penal. Nos discursos, transmitidos pelo Instituto Lula, o petista repetiu que, se encontrarem um centavo roubado por ele, pedirá desculpas publicamente.

"O dia que acharem um real na minha vida que não seja meu, não valho mais ter a confiança de vocês", discursou.

Mas desafiou: "Se não encontrarem, quero que tenham a mesma dignidade e peçam desculpas por desonrar um homem que teve a ousadia de tirar o povo do século 18".

Diante de apoiadores, o petista disse ainda que "nós só devemos respeitar um presidente da República se for eleito pelo voto". Em todos os palanques por que passou, o ex-presidente desqualificou o governo Temer. "Pegaram o voto de vocês e rasgaram", disse.

Em Iguatu (a 365 km de Fortaleza), ele chegou a chorar ao falar de miséria e afirmou: "Se quiserem impedir o Lula de voltar, eles têm que impedir o povo de votar". "Eles não têm que ter medo deste velhinho de 71 anos. Eles têm que ter medo de vocês [eleitores]."

Ao som de palavras de ordem como "Fora, Temer" e "Brasil urgente, Lula presidente", o petista também atacou a imprensa. "Desde 2005, este partido [o PT] apanha de uma imprensa nojenta e mentirosa, que esconde suas próprias mazelas", reclamou.

A agenda, que começou nesta quarta por Barbalha, termina na sexta-feira (23). Lula ainda passará por Fortaleza, Natal, Recife e Ipojuca (a 50 km de Recife).


Endereço da página:

Links no texto: