Folha de S. Paulo


Governo avalia que denúncia contra Lula pode enfraquecer protestos

Joel Silva/Folhapress
Manifestantes finalizam protesto contra Temer no monumento às Bandeiras, no Ibirapuera, zona sul de SP
Manifestantes fazem protesto contra Temer no monumento às Bandeiras, no Ibirapuera, zona sul de SP

Logo após a apresentação das denúncias da força-tarefa da Lava Jato contra o ex-presidente Lula, a equipe do presidente Michel Temer avaliou reservadamente que elas podem enfraquecer os protestos que têm como alvo o governo do peemedebista.

Assessores do peemedebista disseram à Folha que o episódio deve deixar o petista acuado e que, agora, ele terá de ficar se defendendo das denúncias feitas pela Lava Jato —que acusam Lula de ser o "comandante máximo" do esquema do petrolão.

Desde a cassação da presidente Dilma Rousseff, Michel Temer tem sido alvo de manifestações de ruas, o que passou a preocupar o Palácio do Planalto. Inicialmente, o governo minimizou os protestos, mas depois passou a dizer que respeitava qualquer tipo de manifestação, só não aceitava atos de depredação.

O único receio do governo Temer é com um eventual pedido de prisão do ex-presidente Lula. Neste caso, o petista pode ser transformado numa vítima, o que daria mais munição para protestos de grupos ligados a ele.

Durante rápida reunião na tarde desta quarta-feira (14), a equipe de Temer avaliou as denúncias contra Lula como "muito duras". Para o Planalto, o que o Ministério Público mostrou é que o PT tem muito a explicar sobre os desvios feitos na Petrobras e que isso tira parte dos argumentos sobre a tese do golpe.

Uma das avaliações é de que o PT tentou colocar Temer "nas cordas" logo depois da cassação de Dilma, mas agora, com a denúncia contra Lula, o partido da ex-presidente é que ficará acuado.

Para o governo, a denúncia cria um embaraço para as pessoas que saem às ruas para pedir "Fora Temer" e há a avaliação de que os protestos tendem a ficar enfraquecidos.

Oficialmente, porém, o Palácio do Planalto não vai comentar a denúncia sob o argumento de que não cabe uma ação política neste caso. Temer foi informado da apresentação da força-tarefa em seu gabinete logo que começou a entrevista dos investigadores em Curitiba.

Lula denunciado na Lava Jato


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