Folha de S. Paulo


Planalto teme protestos maiores após apresentação de reformas

Nelson Almeida/AFP
Protesto contra Temer que aconteceu na quinta (8)
Protesto contra Temer que aconteceu na quinta (8)

Depois de minimizar os protestos contra o presidente Michel Temer na quarta-feira (7), integrantes do governo avaliam que as manifestações contrárias ao governo podem crescer a partir do momento em que as reformas da Previdência e trabalhista forem apresentadas.

A avaliação é que estes temas podem acabar virando uma pauta comum entre grupos ligados ao PT, movimentos de esquerda e a parte da população que não tem ligações com eles, mas que poderá acabar aderindo às ruas.

Auxiliares de Temer dizem que isso pode acontecer a partir do fim do mês, quando o governo enviará ao Congresso a reforma trabalhista.

O PT tem tentado ecoar o discurso de que essas reformas vão tirar direitos dos trabalhadores, o que pode acabar por convencer uma parte da população.

Para combater a estratégia adversária, o governo lançará uma grande campanha publicitária para esclarecer as pessoas sobre os principais pontos da reforma da Previdência. A ideia é demonstrar que o sistema não se sustenta mais como está e é preciso que haja uma reestruturação para que as futuras gerações também se beneficiem. A campanha deve ser lançada a partir do próximo dia 20.

MEA CULPA

O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) admitiu à Folha que foi um erro do governo minimizar os protestos ocorridos no Sete de Setembro, tanto no desfile em Brasília como na cerimônia de abertura da Paraolimpíada do Rio.

Na quarta, logo após o desfile de Sete de Setembro, Padilha disse que as vaias e gritos de "Fora Temer" vieram de um grupo de 18 pessoas num público de mais de 18 mil que assistiram ao desfile em Brasília. "Quando começou o barulho, vindo das arquibancadas, era de um grupo pequeno, mas temos de respeitar qualquer tipo de protesto", afirmou Padilha.

O governo quer evitar minimizar publicamente as manifestações contra o presidente Temer por avaliar que este comportamento acaba estimulando que mais pessoas participem deste tipo de protesto. Essa era a orientação para o Sete de Setembro, que não foi seguida.

O ministro da Casa Civil afirmou que o governo vai buscar separar a "luta política dos protestos das manifestações que têm uma pauta de reivindicações". Segundo ele, quando for simplesmente uma "luta política" de grupos contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, não há o que fazer e a expectativa é que os partidos governistas respondam a estas manifestações.

"Mas quando for protesto com uma pauta de reivindicação, como a reforma agrária, vamos chamar estas pessoas para conversar no Palácio do Planalto, ouvi-los e buscar uma negociação", afirmou Padilha.


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