Folha de S. Paulo


Planalto monitora grupos radicais em atos anti-impeachment

Apesar de avaliar que os protestos contra o governo federal devem perder força nas próximas semanas, a equipe do presidente Michel Temer monitora a atuação de grupos radicais que tenham potencial para seguir provocando episódios de depredação e violências em manifestações de rua.

Segundo assessores da presidência, Temer já deu uma orientação muito clara de não tomar nenhuma atitude contra manifestações de rua que tenham sua administração como alvo, mas avalia que os governos não podem ficar paralisados caso haja violência.

Nesse sentido, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) tem acompanhado grupos radicais nos protestos desde a aprovação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, na última quarta-feira (31), e pode determinar algum tipo de ação em conjunto com os Estados para coibir este tipo de manifestante.

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 01-09-2016, 12h00: O ministro da secretaria política Geddel Vieira Lima, durante entrevista à FOLHA, em seu gabinete. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVA*** ***ESPECIAL***
Geddel Vieira Lima, ministro-chefe da Secretaria do Governo

Em São Paulo, por exemplo, a equipe de Temer diz que o governo federal pode atuar em conjunto com a administração de Geraldo Alckmin (PSDB).

A avaliação é que, até o momento, não há a necessidade do envio de reforço da Força Nacional. O Planalto tem a expectativa de que os protestos percam força a partir da próxima semana.

"O governo federal agirá com absoluta naturalidade e tem de trabalhar e crer que isso não vai se sustentar por muito tempo", disse o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), que não comentou um eventual plano de ação. Ele avalia que não deve haver necessidade disso.

A análise mais recente feita pelo Planalto apontou diminuição no tamanho dos atos, mas aumento no número de episódios de violência, sobretudo na capital paulista.

O diagnóstico é que o retorno dos protestos despertou grupos violentos, como os "black blocs", que praticam vandalismo e depredação.

Manifestantes anti-Temer voltaram a protestar, com episódios de violência, na noite desta sexta (2), em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.

O protesto havia sido convocado por um coletivo de mulheres negras, que decidiu terminar o ato para evitar confronto com a PM. A polícia impediu o ato de avançar, afirmando que não fora informada sobre o trajeto.

Após horas negociando com a polícia, uma parte dos presentes se dispersou e depredou lojas do bairro. Na avenida Eusébio Matoso, mascarados atiraram objetos em uma concessionária de veículos e em outras lojas. Os manifestantes também incendiaram lixo e fecharam a avenida por alguns momentos.

Um grupo que seguia pela marginal Pinheiros foi interceptado pela PM e sete pessoas foram detidas.

Movimentos de esquerda rechaçaram a participação em suas manifestações de adeptos da tática "black bloc".

Guilherme Boulos, coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que integra a Frente Povo Sem Medo, afirmou que nas manifestações "não há espaço para práticas dessa natureza".

Segundo ele, os adeptos da tática não devem participar do ato chamado pela Povo Sem Medo e pela Frente Brasil Popular para domingo (4).


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