Folha de S. Paulo


Marcha do Gritos dos Excluídos será crítica à ascensão de Temer

A 22ª marcha do Grito dos Excluídos, que é tradicionalmente realizada no dia 7 de setembro, dia da Independência do Brasil, terá uma posição contra o presidente Michel Temer, que foi confirmado no cargo nesta quarta-feira (31).

"Esse Grito vem em um momento trágico da vida nacional porque, enquanto nós fazemos o nosso Grito, a parada do 7 de Setembro vai estar sendo presidida por um presidente sem nenhuma legitimidade, por um usurpador", disse o economista Plínio Soares de Arruda Sampaio Jr, que participou do encontro.

Apesar das críticas a Temer, Plínio também não defendeu a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, que foi removida do cargo através de um impeachment. "O Grito é muito maior que a disputa PT-PMDB, Dilma-Temer", afirmou. "A bandeira é da solução dos problemas estruturais do povo brasileiro. Se não, nós não ficaremos a altura dos gravíssimos problemas que estão postos e que não foram resolvidos pelo governo anterior ao Temer", concluiu.

A marcha irá ocorrer em 23 Estados e no Distrito Federal. A coordenação nacional informou que, por se tratarem de manifestações descentralizadas, ainda não se sabe o número de cidades que participarão.

O bispo da Diocese de Barretos (SP) dom Milton Kenan Júnior, da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que participou da coletiva, disse estar preocupado com a "criminalização dos movimentos populares".

"No primeiro discurso do presidente, nas entrelinhas, ele já colocou as cartas na mesa. Em um tom agressivo, como se não é permitido discordar e nem questionar", disse o bispo que afirmou ter mantido, até alguns meses atrás o discurso de que era preciso dar um basta ao governo petista.

"Enfrentar essa situação, nós só vamos enfrentar com o respaldo do povo. E isso, eu penso, é o grande desafio da igreja", afirmou. "Precisamos retornar às lutas de 30 anos atrás", acrescentou, citando a ditadura militar.

DESOBEDIÊNCIA CIVIL

Na coletiva do Grito, Plínio chegou a defender a desobediência civil em protestos como forma de defender a democracia.

"Mobilização e muita gente na rua –essa é a defesa que a gente tem. Então se eles radicalizaram no ataque à democracia, nós teremos que radicalizar na defesa da democracia. E isso implica a desobediência civil se for necessário", afirmou.

A edição deste ano da marcha tem o lema "Este sistema é insuportável: Exclui, degrada, mata!".


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