Folha de S. Paulo


Lula e Dilma fazem última investida por votos contra o impeachment

Às vésperas da votação do impeachment no Senado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, Dilma Rousseff, investiram em pelo menos dois núcleos de senadores para tentar reverter votos e impedir o afastamento definitivo da petista.

Mas o balanço feito no Palácio da Alvorada nesta terça (30) não era positivo. O ex-presidente tem dito a aliados que Dilma foi "muito firme" em sua passagem pelo Senado, mas que queria que as coisas "fossem diferentes". Para isso, avalia, sua sucessora precisaria tê-lo "ouvido mais".

Apesar do prognóstico pessimista, Lula, após o discurso de Dilma no Senado na segunda (29), procurou o senador Wellington Fagundes (PR-MT), que havia recebido alta do hospital depois de uma crise de diverticulite.

Pediu voto e ouviu que ele só poderia apoiar Dilma se fosse acompanhado por seu colega de partido, Vicentinho Alves (PR-TO).

Lula ouviu o recado e recorreu ao ex-presidente do PR, Valdemar Costa Neto, hoje principal liderança da sigla.

Não houve muitos avanços: publicamente, Vicentinho se declara a favor do impeachment e Fagundes prefere não revelar seu voto.

O ex-presidente retomou ainda a conversa com o senador e ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA), com quem já havia se encontrado na semana passada, mas ouviu que seria "muito difícil" mobilizar os senadores do Maranhão a favor da petista.

Lobão afirma que os parlamentares de seu Estado –Roberto Rocha (PSB) e João Alberto (PMDB)– "votarão em bloco" e que devem ficar a favor do impeachment.

Um aliado de Lula era direto ao resumir a conversa com Lobão no dia seguinte: "não foi boa". E foi esse o recado levado nesta terça ao Alvorada.

O ex-presidente se reuniu com Dilma e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, além de integrantes de movimentos sociais na residência oficial da Presidência. Estenderam para um almoço com participação de ex-ministros do PT e fizeram um balanço sobre o fim do processo.

Roberto stuckert Filho/PR
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Dilma Rousseff recebe a cantora e compositora Fernanda Takai no Alvorada

RECURSO

Em outra frente de investidas, a defesa de Dilma já preparou duas ações para recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) caso o impeachment seja confirmado nesta quarta-feira (1º).

A equipe do advogado da petista, José Eduardo Cardozo, ainda estuda a melhor estratégia para entrar com o recurso, que deve ser um mandado de segurança questionando a "justa causa" e "os vícios" do processo.

Apesar disso, ainda há discussão no meio jurídico sobre a competência do STF para analisar o impeachment. Segundo Cardozo, porém, "nenhuma ameaça de direito" pode ficar sem a apreciação do Judiciário.

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