Folha de S. Paulo


Chico diz que impeachment 'é golpe' e que Dilma 'é uma guerreira'

Reprodução/Instagram/@dilmarousseff
Chico Buarque com Dilma
Chico Buarque ao lado da presidente afastada Dilma Rousseff

De óculos escuros, camisa clara e blazer preto, Chico Buarque de Hollanda chegou ao Palácio da Alvorada na manhã desta segunda-feira (29) e cumprimentou Dilma Rousseff. "Você é uma guerreira", afirmou o cantor e compositor carioca que foi a Brasília assistir ao discurso de defesa da petista no Senado. "A vida é dura, não é, Chico?", ouviu de resposta.

Uma das poucas figuras de fora do mundo político presentes na galeria do Senado, Chico passou grande parte da manhã bastante concentrado e de cenho franzido, olhando na direção da presidente afastada. Algumas vezes, trocava impressões e sorrisos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sentado à sua esquerda, e com o ex-ministro Jaques Wagner (Casa Civil), acomodado de seu outro lado.

Por volta das 17 horas, quando resolveu deixar o Congresso, o cantor ensaiou uma avaliação sobre o processo e disse que o impeachment "é golpe" mas que acreditava ser "muito difícil" reverter o cenário contrário à petista.

Apesar do prognóstico pessimista, afirmou que foi ao plenário por "solidariedade" a Dilma e que aproveitou para conhecer o Alvorada, "que nunca mais" iria conhecer. Ele é admirador de Oscar Niemeyer, idealizador do palácio, e diz ter entrado na faculdade de arquitetura por causa dele.

Sua estreia no Alvorada foi logo cedo, em um café da manhã que Dilma ofereceu a aliados, entre ex-ministros e parlamentares, e ao ex-presidente Lula. Chico foi tietado por grande parte dos presentes, que o solicitavam para cumprimentos e fotos.

Aparentemente mais calma e bem-humorada do que nos últimos treze dias em que se preparava para seu discurso de defesa, a presidente afastava aproveitou a mudança de holofotes para provocar seu advogado, José Eduardo Cardozo, conhecido por ser o "galã" entre os petistas.

"Olha lá, você perdeu a vez", brincou ela, aos risos. Cardozo também sorriu, reconhecendo que não há como competir com o autor de "Apesar de você".

A comitiva de Dilma chegou ao Senado às 9h03. A petista e Lula foram recepcionados por parlamentares do PT e de partidos aliados na chapelaria da Casa. Chico chegou minutos depois e foi auxiliado pela deputada Maria do Rosário (PT-RS) até chegar na galeria do Senado, de onde acompanharia o discurso.

Tirou os óculos escuros apenas duas horas depois de iniciada a sessão. Preferiu almoçar com Jaques e o ex-ministro da Previdência de Dilma Carlos Gabas ao invés de comer a carne e a massa que foram servidos aos convidados da petista na presidência no Senado.

As restrições alimentares, garante, impediram que ele, inclusive, recusasse o café da manhã no Alvorada. "Para não tomar leite", declarou.


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