Folha de S. Paulo


Agentes citam falhas em prisão da Lava Jato no Paraná

Funcionários do Complexo Médico Penal de Pinhais (CMP), no Paraná, têm relatado falhas na segurança do presídio que acolhe, entre outros, diversos presos da Lava Jato.

Estão detidos lá, entre outros, o ex-senador Gim Argello, o ex-ministro José Dirceu, os ex-deputados Luiz Argolo e André Vargas e o ex-tesoureiro PT João Vaccari.

No CMP, ficam também em torno de 700 detentos que necessitam de tratamento médico ou psiquiátrico, além de presos com curso superior e que são policiais.

Segundo funcionários ouvidos pela Folha, há poucos agentes para vigiar os presos, o que faz com que procedimentos de seguranças sejam ignorados. Um agente cuida dos 180 internos das galerias cinco e seis, entre os quais estão os da Lava Jato.

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Pinhais,Parana,Brasil Agosto 2016 Cela dos presos Luiz Eduardo da Rocha Soares (Odebrecht) e Olivio Rodrigues Junior. Foto: Folhapress EXCLUSIVO FOLHA NAO UTILIZAR SEM AUTORIZACAO
A cela 604, abrigo de executivos da Odebrecht

De acordo com um agente, no CMP ficam presos psiquiátricos, doentes e "faccionados" [que pertencem a facções como o PCC].

Há o risco constante de que um deles pegue um preso da Lava Jato como refém.

Os funcionários ouvidos pela Folha pediram para não serem identificados.

Nas galerias um e dois, a segurança também fica a cargo de apenas um agente, que vigia 210 presos, a maior parte deles com problemas psiquiátricos. Nas três e quatro, são três agentes escalados para 230 presos. Eles dizem que, para que os detentos tenham atendimentos, têm que passar por cima de procedimentos de segurança.

Quando um preso precisa ir ao médico, por exemplo, o agente tem que deixar a ala sozinha. Faltam também materiais básicos, como algemas.

Um dos presos ilustres que frequentaram o local foi o empreiteiro Marcelo Odebrecht, transferido para a superintendência da Polícia Federal em Curitiba em fevereiro.

Seu cubículo, a cela 604, é hoje ocupado pelos presos Luiz Eduardo da Rocha Soares, funcionário da empreiteira, e o empresário Olívio Rodrigues Júnior.

Odebrecht negocia delação premiada. Dependendo do acordo, ele pode voltar ao CMP para cumprir o restante da pena.

Na superintendência, Odebrecht está sozinho na cela vizinha à do doleiro Alberto Youssef.

O empreiteiro tem tido reuniões com procuradores federais expondo fatos que podem constar da proposta da empreiteira.

Uma delas durou sete horas. Presos dizem que ele volta abatido após confessar delitos aos procuradores.

O alívio nas últimas semanas foi que Youssef, o único com aparelho de televisão, regalia concedida pelo juiz federal Sergio Moro, aumentava o som e posicionava o aparelho para que Odebrecht conseguisse espiar alguns eventos dos Jogos Olímpicos.

OUTRO LADO

Segundo Luiz Cartaxo, diretor do Departamento Penitenciário, "o governo do Paraná está contratando 1201 agentes de cadeia por processo seletivo simplificado".

"Isto vai possibilitar remanejamento de servidores efetivos para minimizar os efeitos da carência de pessoal", disse.

A cela de Odebrecht


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